Clube de Regatas Vasco da Gama contratou, para sua seleção juvenil, o indígena Cauan Lucas, da etnia Pankararu, do estado de Pernambuco, da Terra Indígena de mesmo nome, localizada entre os municípios de Tacaratu e Petrolândia. Jogando na posição de meio-campo, o jovem de 17 anos trouxe alegria e esperança para sua comunidade. Sua história será contada neste domingo (12/09/2021) por meio de reportagem no programa Esporte Espetacular, da TV Globo.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) trabalha para a promoção do diálogo e autonomia dos povos indígenas, e parabeniza o jovem, que é um exemplo de que os indígenas são os protagonistas de sua própria história.
História
Quando Cauan ainda era uma criança, Clécio, seu pai, o levou para a escolinha "Bom de Bola", em Itaparica - Jatobá (PE), onde atuou na categoria sub-10 aos 7 anos. Após, o menino chegou a passar em testes nos clubes Bahia e Vitória, mas não foi integrado por não ter idade. Aos 13 anos, teve a oportunidade de ir para o Athletico-PR, porém acabou recebendo uma proposta do Primavera, do interior de São Paulo, que incluía um emprego de porteiro para seu pai.
Finalmente, quando jogava na categoria sub-15, um “olheiro” do Vasco o viu treinando e lhe fez o convite. "O vice-presidente do Primavera me ligou dizendo que eu teria que ir ao Rio de Janeiro porque o Vasco queria renovar e eu, automaticamente, disse que sim. Foi uma felicidade imensa. Uma emoção muito boa para nós da aldeia, para a minha família, os amigos dele. Então eu fui e, quando assinou o contrato, foi uma alegria imensa. A aldeia se abraçou toda lá, ficou muito feliz, todo mundo dando os parabéns. Foi uma felicidade enorme, nem sei nem como explicar", declarou Clécio, em uma entrevista.
O pai de Barros lembrou da dificuldade que é sair de casa tão jovem para tentar o sonho de se tornar um jogador de futebol profissional: "Deus abençoou o trabalho dele e fez as coisas fluírem. Não é fácil uma criança ficar desde os 15 aos 17 anos no Rio de Janeiro sozinho e conseguir o que conseguiu, mas foi muito gratificante para nós", disse Clécio ao falar do filho, que atualmente mora no alojamento do Vasco em São Januário para jovens da base.
Paulinho também tem origem indígena, ele é da tribo Xucuru, em Pesqueira, no interior de Pernambuco
Uma das grandes inspirações de Barros como jogador é Paulinho, ex-Corinthians, seleção brasileira e que atualmente defende o Guangzhou Evergrande, da China. Assim como o vascaíno, o volante também tem origem indígena, só que da tribo Xucuru, em Pesqueira (PE). Outro atleta que Cauan é fã é o astro português Cristiano Ronaldo, da Juventus (ITA). "Ele se inspira muito no Cristiano Ronaldo. Ele começou como atacante, aí fazia a batida do Cristiano, a comemoração dos gols... Gosta também do Paulinho, sempre o acompanhou", destacou Clécio.
Pankararu
Os Pankararu tiveram sua terra homologada na década de 1990 e têm no ritual religioso "Toré" sua marca de identidade e resistência cultural. A principal atividade econômica da etnia é a agricultura do feijão, milho e mandioca, assim como o artesanato e a venda de pinha, produto típico da região.
Blog de Assis Ramalho
Informação: Assessoria de Comunicação/Funai
Categoria Cultura, Artes, História e Esportes