O ministro Sérgio Moro em visita ao presidente Bolsonaro no hospital — Foto: Redes Sociais
O ministro entrou no hospital na Vila Nova Conceição, Zona Sul de São Paulo, sem ser visto e não falou com a imprensa. Acompanhado da sua mulher, Rosângela Moro, visitou o presidente por cerca de 20 minutos e, depois, postou em seu Twitter uma foto ao lado de Bolsonaro e a primeira-dama, Michele Bolsonaro. "Visita ao sr. Presidente e à Sera. Primeira-dama. Conversa agradável. Presidente recupera-se muito bem. O homem é forte", diz o post. Pouco depois, Bolsonaro postou a mesma foto em sua conta no Twitter, mas sem nenhuma legenda.
Nos últimos meses, a relação entre Moro e Bolsonaro passou por altos e baixos. No final de agosto, contrariando o que dizia nas eleições do ano passado sobre Moro ter carta branca para conduzir ações do Ministério, Bolsonaro disse, mais de uma vez, que ele é o presidente e que pode vetar "qualquer coisa" que o ministro fizer.
Antes disso, em fevereiro, Moro revogou a nomeação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Moro foi criticado por apoiadores de Bolsonaro por indicar Ilona, mestre em estudos de conflito e paz e especialista em segurança, e p ministério informou que a revogação foi provocada por "repercussão negativa em alguns segmentos" da sociedade.
Depois de Moro indicar Maurício Veleixo, com quem trabalhou durante a Operação lava Jato, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, eles passaram a escolher os superintendentes da PF. Mas, em 16 de agosto, sem o conhecimento da cúpula da PF, Bolsonaro anunciou a troca do superintendente do Rio de Janeiro. Diante da reação negativa na Polícia Federal, com ameaça até de entrega de cargos, o presidente recuou momentaneamente. Mas, ainda em agosto, Bolsonaro foi além e ameaçou trocar o diretor da Polícia Federal.
Lideranças de diferentes partidos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro ainda aguardam uma eventual troca no comando da direção-geral da Polícia Federal. Na PF, integrantes da corporação pressionam o ministro da Justiça, Sergio Moro, a definir o sucessor de Mauricio Valeixo.
Ouvidos pelo blog da Andréia Sadi, políticos relataram que, apesar de mudar o tom sobre Moro, Bolsonaro não desistiu de trocar o comando da PF. Além disso, tem sinalizado desde o fim de semana que, até o fim de setembro, espera mudanças na cúpula da corporação.
Em um gesto de apoio público, Bolsonaro interrompeu a parada de Sete de Setembro, chamou Moro e desfilou abraçado a ele pela Esplanada dos Ministérios.
Recuperação
Neste domingo, Bolsonaro tomou café da manhã, com chá gelatina e creme de frutas. Até então, ele estava se alimentando apenas de dieta líquida desde sexta-feira (13). De acordo com a assessoria do presidente, à tarde, Bolsonaro caminhou e assistiu ao jogo entre Corinthians e Fluminense.
Esta foi a quarta operação desde a facada sofrida por ele durante a campanha eleitoral de 2018. Desta vez, o objetivo era corrigir uma hérnia (saliência de tecido) no intestino.
Desde domingo (8), o vice-presidente Hamilton Mourão ocupa o cargo de presidente da República de forma interina.
Segundo o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, os exames do presidente estão normais e, assim que ele tiver a dieta baseada apenas em alimentos, poderá ter alta médica.
"Hoje [domingo], a nutrição parenteral será reduzida. No final da tarde, o médico vai analisar se pode passar pra dieta pastosa. Passando para pastosa e tirando a nutrição parenteral, o presidente pode ter alta", disse Rêgo Barros.
“Os médicos saíram do quarto do presidente vivamente impressionados com a recuperação do presidente, como ele vem recebendo bem essa modificação de ingestão calórica e o passo, a ultrapassagem dessa fase de cremosa para pastosa definirá, junto com outros parâmetros também, a saída do nosso presidente aqui do hospital. Estamos, enfim, bastante satisfeitos com a evolução do presidente, esperamos que ele no prazo mais próximo possível nós tenhamos a saída”, acrescentou.