Durante debate da qualidade da água do São Francisco, especialista lembrou também que as obras da transposição ficarão comprometidas, caso a barragem de Sobradinho não volte a aumentar o seu volume hídrico. A transposição precisa de 26,4% m3/s de vazão de Sobradinho para que os 12 milhões de nordestinos previstos pelo projeto tenham acesso à água são franciscana. (Foto: Regina Lima/Ascom CBHSF)
Pesquisadores já admitem a possibilidade de uma onda de resfriamento afetar, ainda este ano, as águas do rio São Francisco, o que eles chamam de fenômeno La Niña. A informação foi reconhecida pelo professor José Almir Cirilo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), durante a programação do I Simpósio Acadêmico da Bacia do Rio São Francisco, cujos debates foram realizados de 06 a 11 deste mês, em Juazeiro (BA). Para ele, o cenário se tornará “preocupante” porque distúrbios climáticos, como secas e enchentes, passariam a ocorrer de forma acentuada. A anomalia atua em condições reversas ao El Niño, que se associa ao aquecimento das águas superficiais.
Cirilo lembrou que esse novo fator climático, apesar de contribuir para a chegada de chuvas na região Nordeste, poderá reforçar ainda mais o clima de estiagem que perdura na bacia, numa realidade em que “a demanda ultrapassa a oferta de água”. O rio São Francisco passa por uma severa seca, que vem resultando no esvaziamento de um dos principais reservatórios da sua calha, Sobradinho, na Bahia. Ano passado, o reservatório chegou a atingir 1% da sua capacidade útil de armazenamento, comprometendo o abastecimento de populações ribeirinhas dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.