Pop Discos de Mauro nos últimos dias antes da inundação da antiga PetrolândiaNa terrina, o seminal mercado de disco “Vinil” “LP” “Bolachão” , teve como percursor, Beto de João Baiano, conhecido como “Betão”, com uma lojinha no interior da Casa Baiana, na rua regente Feijó, proprietário Zé Marcelino, no prédio do antigo Barracão de Manoel de Ovídio.
Nos dias de feira, sexta-feira, com as barracas circundando a Casa Baiana, era dia de melhor movimento de compras e vendas.
Tinha como colaborador o jovem Admir de Ioiô, que no transpassar do tempo, com crescimento do mercado, fez um puxadinho em sua casa, Trav. D. Pedro II, surgindo assim o primeiro estabelecimento de vendas de vinil e fitas cassete Sony e Basf.
Tempo de gravadores Philips, grande novidade para poucos, sendo minguado o poder de compra dos Hermanos, para adquirir uma fita com gravação original, Admir, sempre muito criativo, reproduzia dos LPs de acordo com o repertório apresentado pelo cliente.
A POP DISCO, por seu empresário, Mauro, chegou a cidade, atraído pela expansão da economia pela construção da Barragem.
Haja de nota, que o estabelecimento da POP DISCO, a princípio estava localizada na mesma ria do Cinema de Valmir, só mais tarde, indo para próximo ao Bar do Redondo.
Pois bem, no grotão, não era só Roberto Carlos, Odair José, Luiz Gonzaga, já se ouvia os Beatles e Rolling Stones, porém, com a migração dos “barrageiros”, houve fusões de culturas, mormente na música, tanto na MPB e no Rock and Roll.
Um certo dia, não era domingo azul, tampouco existia la belle de jour, sem lenço, com documentos, deambulava pelo boulevard Av. Dom Pedro II, quando mas não que de repente, nas mediações do mercado “O NORDESTÃO”, ouvi a explosão da música, “Black Dog”, ricocheteando em meus tímpanos.
E após os efeitos de Caramuru - espanto e medo - no despertar da apoplexia, apressei os passos, chegando a POP DISCO, pelo saudoso Albenys, fiquei sabendo, que tratava da banda inglesa Led Zeppellin, vulcão do hard rock, que marcou toda minha geração.
Pop Discos de Mauro, ao lado do Bar O Redondo
De outro giro, o saudoso Albenys, colaborador de Mauro, já em novo endereço, próximo ao Bar do Redondo, com sua generosidade, que lhe era peculiar, em dias de tédio, torpor, nos oferecia o lenitivo, jogando na eletrola Gradiente, o repertório, “We are the champions” do Queen; “Stormbringer” do Deep Purple; “Time” do psicodélico Pink Floyd.
Por fim, como era gratificante, entrar nessas lojas, e no passar d’olhos sobre as capas dos LPs, o deslumbre no amalgamento da música com arte gráfica.
MGNeto.
* Manoel Gabriel Neto é natural de Petrolândia, especialmente da antiga cidade
* Formado em Direito, atualmente mora em Belo Jardim/PE, onde exerce sua profissão de Advogado
COMENTÁRIO da escritora e memorialista Paula Rubens, presidente do IGH de Petrolândia sobre este artigo.
"Excelente resgate sobre o acesso ao mundo do disco em Petrolândia, de autoria do meu prezado amigo Manuel.
"Ele me fez lembrar que na Regente Feijó , em frente à loja de Seu Olegário, por algum tempo funcionou uma loja de discos de um amigo de Floresta , do qual no momento não lembro o nome.
"Através do som da loja dele aprendi a gostar dos sambas de João Nogueira e pude ouvir muita MPB de qualidade. Saudade..."