Por: Ricardo Noblat
Ela serve para que seu dono, o presidente da República, realize a maioria dos seus desejos. Para isso, contudo, impõem-se uma condição: saber usá-la. Não basta que à caneta não falte tinta.
De que adiantará se quem a maneja comporta-se, por exemplo, como uma biruta de aeroporto? É como a batuta de um maestro aclamado: sem partitura para tocar, ela não passa de enfeite.
Bolsonaro usou e abusou da caneta mais carregada de tinta da República, como ele fazia questão de proclamar em tom ameaçador. Verdade que quase se reelegeu, mas acabou derrotado.
Desprezou a caneta ao associar-se à Covid-10 para salvar a economia mesmo que às custas da vida de 700 mil pessoas. Valeu-se dela para tentar dar um golpe, mas a caneta já não tinha tinta.
Quem diria que Lula escaparia sem danos à indicação do seu advogado de defesa para ministro do Supremo Tribunal Federal? Muitos disseram que esse seria seu primeiro e grave erro.
Escapou, como se viu com a aprovação do nome de Cristiano Zanin por folgada maioria de votos no Senado; e como se viu, ontem, em uma das solenidades de posse mais concorridas do tribunal.
Lula não perdeu até aqui um só ponto em popularidade. Ela, por sinal, para decepção dos seus adversários, só faz aumentar desde que Lula, em 1º de janeiro, subiu a rampa do Palácio do Planalto.
Escapou, como se viu com a aprovação do nome de Cristiano Zanin por folgada maioria de votos no Senado; e como se viu, ontem, em uma das solenidades de posse mais concorridas do tribunal.
Lula não perdeu até aqui um só ponto em popularidade. Ela, por sinal, para decepção dos seus adversários, só faz aumentar desde que Lula, em 1º de janeiro, subiu a rampa do Palácio do Planalto.
Com um governo de esquerda e um Congresso de direita, jamais haveria entendimento. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, seria para sempre o algoz do governo.
O entendimento está em curso, e Lira, que já emplacou um ministro no governo (o do Turismo), quer emplacar outros. Ele e Lula conversaram por três horas na noite da quarta-feira.
Lira é o Centrão em estado puro. Lula diz que não negocia com o Centrão, mas com partidos. Cobrava-se de Lula um governo amplo. Ele está pronto para entregar um governo amplíssimo.
Segundo a bíblia do capitalismo mundial, a revista britânica The Economist, em primeiro lugar “a melhora da sorte do Brasil é em parte resultado de coisas fora do controle de Lula.”
Em segundo, “também ajuda o fato de o Banco Central do Brasil ser independente.” Em terceiro, “às várias políticas anunciadas pelo governo que animaram os investidores.”
É má vontade em excesso, mas viva a liberdade de imprensa. Por sair-se bem até agora, diz-se que Lula é um “homem de sorte”. O que não se diz é que ele tem sabido usar a caneta com raro esmero.
Por: Ricardo Noblat