Após três dias de festa, a programação carnavalesca de Petrolândia foi encerrada com chave de ouro pelo cantor Fredson, da Banda Zuê, na noite da terça-feira (21/02). Ele animou, encantou e agitou o grande público que compareceu na despedida do carnaval 2023 de Petrolândia, no Sertão de Pernambuco. Depois do show apoteótico, o cantor baiano foi entrevistado por Assis Ramalho (Leia a entrevista abaixo).
Fredson Romero Novaes da Silva, ou Fredson da “Zuê’, ou Fredson do “Diga que valeu”, é sem dúvida um dos grandes nomes do axé baiano. Lançada em disco da Zuê em 1995, a música "Diga que Valeu" virou um hino do Carnaval pelo Brasil afora ao ser gravada pela banda Chiclete com Banana, em 1999. Após 24 anos, a canção de autoria de Fredson é uma das mais tocadas durante o período carnavalesco. Em recente entrevista à CNN, o ex-vocalista da Chiclete com Banana, Bell Marques, citou a música como uma das que o público mais interage durante os shows. A canção também recebeu regravações principalmente de sertanejos como João Carneiro e Capataz, e João Vitor e Raul.
"Diga que Valeu" é um divisor de águas na vida de Fredson, impulsionando-o da Bahia para o cenário musical nacional. Fredson emplacou outros sucessos como "Festa na Bahia", que virou trilha sonora do filme “Caminho das Nuvens”, estrelado por Wagner Moura e Claudia Abreu, e a música "Cerveja", em parceria com Tonho Copque, gravadas por Banda Mel, e "Valeu vá lá" por Pimenta Nativa, Ricardo Chaves, entre outros.
Entrevista
Assis Ramalho: Fredson, Você é um ícone da música baiana e por que não dizer da música brasileira. Entre outros, você tem sucessos estourados como "Diga que Valeu", "Festa na Bahia" e "Valeu vá lá". De onde vem tanta inspiração para compor?
Fredson: Olha, Assis, eu posso dizer que comecei de baixo para cima e isso foi muito importante, porque a gente vai aprendendo a valorizar as pequenas coisas e, aí vai crescendo aos poucos. Vai aprendendo, ralando muito na estrada, nos bailes da vida, e graças a Deus a gente foi aprendendo com as coisas boas e, também com as coisas ruins que aparece. A vida é feita de desafios, ninguém chega alí em determinado ponto, e acaba os problemas. (Sobre a inspiração) eu já cantava em festivais de músicas nas escolas, com 8, 9 anos, e todo mundo dizia ''poxa, você tem jeito para isso". Fui me empolgando e a gente foi. Então, as coisas foram acontecendo aos poucos e sempre com os pés no chão. E sobre as músicas que você falou, a Banda Zuê já era um sucesso por aqui, porque a Banda Zuê é uma banda que também tem as suas próprias músicas. A gente toca canções de outros artistas, mas, também temos as nossas. A gente conseguiu firmar o nome da banda Zuê por ter as nossas próprias músicas, e isso é muito importante.
Assis Ramalho: Você se inspira em que para fazer uma composição. É algo pensado na hora, uma intuição, demora dias para compor uma música, como é que é?
Fredson: Olha, Assis, as músicas aparecem para mim naturalmente, Você vai vivendo e aquilo fica no seu consciente, e de uma hora para outra acontece. Tem música que fiz em 5 minutos, em 10 minutos, tem outras que demoraram dias. Você faz uma parte, faz outra. Mas, assim: minha inspiração é do momento, ela pinta, é uma coisa divina que vem e que a gente não sabe explicar. Tem gente que senta e consegue fazer (uma música), mas eu não consigo sentar e fazer uma música. Ela pinta, ela vem e aí a gente transcreve para um papel, para um computador e também faz os arranjos. Já vem tudo na cabeça. Vem arranjo, vem tudo.
Fredson: Olha, ouvir isso de Bell é sensasional. a música foi lançada em 1999 pela banda Chiclete com Banana. Agora, lembrar como fiz a música, é como eu disse a você, é uma coisa divina. Graças a Deus. Deus tem me abençoado. Conheci Chiclete com Banana em Itabaiana (cidade do interior de Sergipe). A gente (Banda Zuê) estava tocando,e Chiclete com Banana ia tocar depois da gente. Eu já sabia da programação, levei um CD com as músicas. E quando terminou o show eu entreguei para Wilson, irmão de Bell, Eu disse: ''Wilson, entregue aqui para Bell Marques, seu irmão, me dê essa força, por favor, eu sou compositor, cantei aqui antes de vocês com a nossa banda. Então, foi isso que aconteceu, Quando foi na próxima semana, entraram em contato comigo para eu ir para Salvador e aí a história está aí. Isso foi em 1999.
Assis Ramalho: Como foi a emoção de receber a ligação para se apresentar ao Chiclete com Banana em Salvador?
Fredson: Olha, Assis, foi fantástico. Eu não esperava que Bell Marques, de quem sou fâ, meu ídolo, a banda Chiclete com Banana, cantasse uma música minha. Bell Marques tem muitas músicas, grandes sucessos, e minha música está inserida em meio a tantos sucessos. Para mim é um orgulho muito grande. Fico feliz, mas para mim faz parte de um trabalho e estamos batalhando para que a gente possa colocar mais músicas com outros artistas.
Fredson firma que o sucesso de sua música não fez com que ele tire os pés do chão: ''A humildade faz parte da carreira do artista. O artista que não tiver esse pensamento, não é feliz''.
Assis Ramalho: Fredson, obrigado pela entrevista, pelo carinho que você teve ao nos atender, mesmo cansado depois de um eletrizante show, obrigado e parabéns pelo sucesso.
Fredson: Eu quero agradecer a você Assis, Blog de Assis Ramalho que eu acompanho há tanto tempo. É muita honra, eu não esperava que eu tivesse uma entrevista tão longa com um fera da comunicação. Eu fico muito feliz. Também quero agradecer a toda a população de Petrolândia que compareceu, ao prefeito Fabiano Marques, toda a equipe, Maria Helena, Patrícia, e a todos os colaboradores da prefeitura, barraqueiros, segurança, bombeiros, enfm, a todos que ajudaram a fazer essa festa. direta e indiretamente, e espero mais uma vez voltar a essa terra maravilhosa. Muito obrigado!