05.12.1996 – Quinto dia de ocupação – Na reunião comandada pelo Diretor de Obras ,José Carlos Aleluia, o clima era de respeito. A conversa se deu, de ambas as partes, de forma dura, objetiva, sincera , mas sempre educada.
Cientes de que o prejuízo provocado pela obra parada tinha força de mover montanhas, no dia anterior , os agricultores haviam decidido parar a obra por completo. Funcionários das empreiteiras cruzaram os braços em apoio ao movimento dos trabalhores rurais. Muitos eram filhos de agricultores da região e também tinham interesse no reassentamento. Então, ficou fácil. Aos poucos as máquinas do lado baiano foram paradas.
Mais tarde, um avião era visto sobrevoando o canteiro de obras, certamente avaliavam o tamanho do movimento. Na impossiblidade da presença do Ministro, que se encontrava fora do pais, um representante do Ministério de Minas e Energia chegava para a primeira rodada de conversa . A ocupação ganhou as páginas dos principais noticiários.
Através das entidades católicas internacionais e outras organizações de classe, que apoiavam o movimento, a notícia correu o mundo. Nas tribunas das Assembleias legislativas , enfim, políticos defendiam o progresso, mas não com base no sacrifício das pessoas. O governo era instado a dar respostas. A arena estava pronta. O dia 06 de dezembro estava prestes a entrar para a história.
Por Paula Francinete Rubens de Menezes, baseado em entrevista de Vicente Coelho , concedida à autora em janeiro de 2018, e em arquivos da mídia.