Heitor Scalambrini Costa¹
Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco
O governo federal busca a aceitação popular para o uso da energia nuclear. Enquanto o ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, anuncia que o município de Angra dos Reis (RJ) é forte candidato a abrigar a quarta usina atômica - antes mesmo da conclusão de Angra 3 – campanha publicitária, inclusive na televisão, explora a importância das usinas para o bem do país. Por curiosidade, o valor da campanha foi divulgado?
A publicidade pró usinas tem várias inverdades. Elas não são suficientes para garantir o abastecimento do país de energia elétrica. Angra 1, com a potência instalada de 640 MW, quando opera com 100% de sua potência sincronizada ao Sistema Integrado Nacional (SIN), equivale a produção de somente 10% da energia elétrica consumida na cidade do Rio de Janeiro.
Angra 2, com o dobro da potência, gera 20% da energia, na mesma conta. São essas duas usinas em operação. Já Angra 3, poderá gerar a mesma energia, quando entrar em funcionamento, em 2026. Isso quer dizer que as usinas contribuem para a geração da energia elétrica, mas custam fábulas de dinheiro, podendo provocar prejuízos à população e ao meio ambiente e, não vão reduzir as possibilidades de o Brasil ficar imune ao problema.