Essa saudade que não passa...
O melancólico cair da tarde, da janela da sala de aula da professora Dona Das Dores, com sua pacificadora palmatoria pendurada no armador na parede....
....do reboar de asas dos pombos retornando ao Mercado Público...
Da benfazeja homilia catequizadora e libertadora do saudoso Padre Cristiano...
Do batente da minha casa, no arrebol crepuscular da tarde, ouvindo a melíflua Ave Maria de Schubert na Difusora do Salão do Coral...
Do artesão Luiz Guará, dos seus formões e inspiração arrancava da umburana arte que a gente não via....
Do conjugar de um simples lançar d’olhos sobre o arrebol do cair da tarde, degustando o saboroso pão francês com cajuína na Venda do Saudoso e acolhedor Senhor Maninho.....
Do zagueiro Assis Ramalho, aplicando a refinada técnica do valente beque “xerife” Moisés do Vasco da Gama-RJ “zagueiro que se preza não pode ganhar o troféu Belfort Duarte”.... para o deleite do saudoso farmacêutico Valter de Barros, com seu estoque de Iodex e Bálsamo Benguê...[Vale explicar que o troféu Belfort Duarte era, na época um prêmio concedido a um atleta brasileiro que passasse 10 anos sem ser expulso pela arbitrágem).
Dos dribles de França - na quadra do Colégio Normal - Edson Madeira e Carlos Caçote, nossos mestres no conjugar arte e futebol...
Aos domingos, de banho tomado, assistir no Estádio Galegão, o clássico, Independente Futebol Clube - uniforme parecido com o meu Sport Clube Internacional - Totó, Agobar, Nandão, Valdão, Dinho, Ivaldo, Tui, Loucha, França, Eron, Cafuringa, enfrentando o Vila do Moxoto, minhas origens....
Do amigo Vicente, vanguarda na escola chamada vida ...
Do riff da musica Smoke on the water do Deep Purple no toca fita - gravador Phllipis - do nosso Bakunin, Rômulo Pedrosa...
Da brisa esbraseante sertaneja nas tardes de domingo azul - sem a Belle de Jour - degustando o refrescante picolé de imbu na Sorveteria de Luiz Carlos...
Do primeiro labor, com o amigo Catita, no Armazém do Seu Davi, espichando coro...
Do saudoso Nogueira e seus gladiadores canários...
Do coreografo carnavalesco Nó de Mudinha – pedreiro - e sua sombrinha preta nas previas carnavalesca...
Das brincadeiras nas barrancas do Pontilhão....
Da roça do querido e saudoso Tio Nozinho, onde como bom selvagem de Rousseau, dei as primeiras braçadas, aprendi a nadar na piscina do Giradoro do Trem...
Dos bons ensinamentos do primo Robson, com suas leituras sob as sombras do frondoso pé de tamarindo...
Das cheias e águas turvas do São Francisco, arrastando troncos de árvores caídas...
Das águas diáfanas e areias brancas da prainha do São Francisco, na roça do saudoso João Rodrigues.
Do espiar entre as pedras da cachoeira o lindo corpo da linda cabocla tomando banho...