Por: Fernando Batista
Pode parecer ofensivo ou até mesmo estranho afirmar que todo ser humano tem um "Lázaro" dentro de si. Pasmem! Existe sim. Isso se explica podendo sustentar que há entre nós, seres humanos e ceras humanas. Existe uma solidariedade muito forte, tanto para o bem quanto para o mal. Explico: Se toda a humanidade participa das virtudes heroicas para a prática do bem, por via inversa, participa também da monstruosidade de um Lázaro Barbosa, de um Dr. Jairinho, por exemplo.
Por essa razão, pode-se sustentar que o caso "Lázaro", queiramos admitir ou não, fala dos conteúdos de almas humanas, de seus pântanos e selva. Dialogar com os "Lázaros" que habitam as florestas de nossa alma é tarefa indispensável para o desenvolvimento da nossa personalidade e da consciência. Existe um Lázaro Barbosa em cada Esquina. Somos, pois, o alto e o baixo, o grande e o pequeno, o sim e o não, o ruim e o bom, a luz e a sombra, a bela e a fera. Quem menos aceita suas sombras, menos cresce e menos amadurece como ser humano.
Não raro, dormimos, comemos, dançamos, beijamos e rezamos como "Gandhi" ou "Lázaros". "Lázaros" conosco. "Lázaros" em nós, nas matas de nossas almas. Esta é, inclusive, uma perspectiva de cristianismo. Somos Joio e trigo. Essa é a nossa condição. Achando o Lázaro, a história humana segue o baile com seus incontáveis, pretéritos e futuros, genocídios, racismos, homicídios, feminicídios, etc.
Lá fora, nas bandas de Goiás, busca-se o Lázaro Barbosa. Desejo que o encontre e o puna. Mas, e o Lázaro interior que habita nas matas ocultas de nossas almas, quem o procurará?
Artigo de Fernando Batista