A comporta que libera água do “Velho Chico” para Riacho Seco, em Missão Velha, através do chamado “eixo emergencial” do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), foi aberta na última semana, pela primeira vez. A ação estava prevista pela Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) para instalação de um equipamento que impede vazamento de água pelos drenos horizontais profundos (DHP). A intervenção não afeta a integridade da obra.
Os moradores foram surpreendidos, na última quarta-feira (06), com a chegada das águas do Rio São Francisco, finalmente, ao Riacho Seco, alternativa encontrada pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH) para garantir o aporte do açude Castanhão. O recurso hídrico será transportado, seguindo os cursos naturais dos rios Salgado e Jaguaribe. Porém, por enquanto, isso não aconteceu de forma permanente.
O diretor de Águas Superficiais da Sohidra, Antônio Madeira Lucena, detalha que houve reparo, apenas na instalação do equipamento chamado de "CAP", na boca dos drenos, em razão do aquífero que circunda o túnel Veneza, que se encontra sem água. “Esse dreno começa absorver um pouco de água do túnel e a maneira salutar para combater esse empasse é colocar o CAPs. Se no futuro necessitar dos mesmos, basta desconectá-los”, explicou.
Estes drenos têm a função de aliviar a pressão, já que o aquífero adjacente ao túnel se encontra com água em grande profundidade. “Os DHP’s começam a ter a funcionalidade inversa, mas se em determinado período o aquífero for submetido a uma recarga expressiva, os drenos, ora tamponados, voltam para o fator que foram concebidos originalmente”, ressalta o diretor da Sohidra. Os Caps colocados tem diâmentro que varia de 50 mm a 60 mm.
Em todos os nove túneis do CAC, existem dispositivos como este, porém esta intervenção só aconteceu neste túnel. “Nada disso afeta a integridade física desse segmento de obra. Está tudo dentro do padrão técnico compatível e esperado para uma dessa magnitude, embora edificada em uma região de uma geomorfologia, geologia e geotecnia diferenciada”, completou Lucena.
Incerteza
Apesar da disponibilidade e expectativa pela transferência das águas do Rio São Francisco, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) admite que a liberação do recurso hídrico, este ano, é incerta. “Existe um pré-acordo com o governo do Estado e essa questão não está fechada”, explicou Bruno Rebouças, diretor de Operações da Cogerh.
Por outro lado, o Ministério do Desenvolvimento Regional garante a disponibilidade para transferência do recurso hídrico ainda no primeiro semestre de 2021, a depender da demanda do Estado. A oferta é de 10 m³ por segundo.
Já os custeios de operação e manutenção, segundo o Ministério, aguardam a negociação com os estados, que segue em fase final, junto à Câmara de Conciliação e Arbitragem (CCAF/AGU), para formalização
de contrato no primeiro bimestre de 2021. Os termos preveem o início de cobrança ao Ceará após o período de teste do Eixo Norte.
Diário do Nordeste