"O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre, na comparação com o segundo trimestre, maior variação desde o início da série em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia. Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019", informou o IBGE.
Com o resultado, a economia brasileira reverteu parte das perdas com a fase mais aguda da pandemia de coronavírus, mas a alta foi insuficiente para compensar o colapso do PIB no 1º trimestre (-1,5) e no 2º trimestre (-9,6%), que mergulhou o país em uma nova crise e provocou um desemprego recorde.
O forte avanço da economia entre os meses de julho e setembro está diretamente relacionado com a base mais fraca de comparação, devido ao tombo histórico registrado entre abril e junho.
Trata-se, porém, do maior avanço trimestral já registrado desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996. Até então, a maior taxa tinha sido a do 3º trimestre de 1996 (4,3%).
Já em relação ao 3º trimestre de 2019, PIB registrou uma queda de 3,9%, a terceira retração seguida nessa base de comparação.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Dois trimestres seguidos de queda do nível de atividade (registrados no 1º e 2º trimestres deste ano) representam uma recessão técnica, que foi superada de acordo com os números do IBGE.
A expectativa do mercado era de um crescimento de 8,8% em relação ao trimestre anterior, segundo a mediana das estimativas levantadas pelo Valor Econômico junto a consultorias e instituições financeiras.
Recuperação incompleta e perspectivas
A forte reação do PIB no 3º trimestre foi sustentada principalmente pelos expressivos gastos do governo com auxílios e medidas de transferência de renda. A recuperação, no entanto, foi marcada pela heterogeneidade, com diversos segmentos ainda enfrentando dificuldades para voltar à normalidade, sobretudo atividades do setor de serviços.
O resultado é similar ao verificado em outros países que também tiveram suas economias fortemente afetadas pela pandemia. Nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a alta foi de 9% no 3º trimestre.
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Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, venha reafirmando que os indicadores apontam para uma retomada do crescimento em “V” – uma forte queda seguida de recuperação igualmente acentuada – a economia ainda está longe de estar 'curada' e a perspectiva é de perda de ritmo a partir do 4º trimestre com a redução e término das medidas de estímulo.
O mercado financeiro passou a projetar uma retração de 4,50% para o PIB do Brasil neste ano. Mesmo com uma retração menor do que a inicialmente imaginada, o resultado de 2020 deverá ser o pior já registrado no país. Pela série histórica do IBGE, iniciada em 1948, as maiores quedas até aqui foram as de 1981 e 1990, quando houve uma retração de 4,3% em ambos os anos.
Para 2021, a previsão atual é de um crescimento 3,45% do PIB. De acordo com os analistas, mantido o atual cenário, o Brasil só deverá retomar o patamar pré-pandemia a partir de 2022.
A OCDE estima um crescimento menor da economia brasileira em 2021, de 2,6%, abaixo da projeção para a média global, de 4,2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por sua vez, projeta um alta de 2,8%, mas alertou esta semana que uma "recuperação robusta e inclusiva" depende do avanço de reformas estruturais" e da sustentabilidade da dívida pública.
Por G1