| |
Em Pernambuco, aulas presenciais estão suspensas desde 18 de março. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil ) |
Professores da rede privada de ensino de Pernambuco aprovaram, em assembleia virtual realizada nesta quarta-feira (30), o estado de greve. A categoria é contra o retorno das aulas presenciais, autorizadas pelo governo a partir do dia 6 de outubro. Cerca de 200 professores participaram do encontro online. Os docentes temem que a reabertura das escolas geram novas infecções pelo novo coronavírus no estado.
"Dentre as deliberações, os professores e as professoras decidiram pelos seguintes pontos: estado de greve; notificar ao conjunto de instituições envolvidas, direta e indiretamente, nesse contexto de aulas remotas devido a pandemia; ampliar a fiscalização das escolas, sobretudo na defesa dos direitos; garantias à saúde e cumprimento dos protocolos sanitários e, por fim, provocar o poder judiciário, visando a manutenção do ensino remoto", informou o Sindicato dos Professores no Estado de Pernambuco (Sinpro-PE).
O estado de greve é uma etapa anterior à greve, ou seja, a decisão desta quarta-feira não leva à paralisação dos professores. O Sinpro-PE vai notificar o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe-PE) sobre o resultado da assembleia. Uma nova discussão com a categoria deve acontecer, mas ainda não há data marcada.
"Nosso corpo jurídico já está trabalhando para atuar da melhor forma. O estado de greve é um posicionamento de ordem política. Precisamos aplicar toda a legislação para uma possível deflagração de greve. Vamos fazer fiscalizações nas escolas e acionar os órgãos de controle, como Vigilância Sanitária, para monitorar os próximos passos", disse o presidente do Sinpro-PE, Helmiton Bezerra. A categoria também solicitou reunião com o secretário estadual de Educação e Esportes, Fred Amancio.
Resposta
O Sinepe-PE informou que não foi notificado pelo Sinpro-PE sobre a decretação de estado de greve. "Queremos deixar claro que temos uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) celebrada entre diretores e professores em julho, que prevê todas as situações de excepcionalidade que estamos vivendo dentro da escola. Está explícita a situação de aulas híbridas, com parte dos alunos no presencial e parte no remoto, sem qualquer dificuldade na sua aplicação", pontuou o sindicado das escolas.
"Torcemos para não se tornar necessário judicializar uma questão, acordada há pouco mais de dois meses, quando a situação da pandemia era muito mais delicada que hoje. Quando duas categorias assinam uma convenção, o mínimo que se espera é que ambas a cumpram. Temos a convicção de que o retorno presencial para as famílias que precisam e desejam levar os filhos à escola é fundamental para que possamos honrar o nosso compromisso com os professores e colaboradores, tanto na manutenção do emprego quanto no pagamento dos salários. Esse ponto, sim, é, nesse momento, essencial que todos cumpram", completou o Sinepe.
Rede estadual
Também contrários ao retorno das aulas presenciais em Pernambuco, professores da rede estadual deflagraram estado de greve em assembleia virtual no último dia 24. O encontro foi convovado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) e reuniu 1.105 participantes. Desses, 93% concordaram com o estado de greve.
Uma nova assembleia, também online, acontece na tarde desta quarta. "A categoria é contrária à volta presencial e a favor da manutenção das aulas remotas. Entendemos que ainda existem riscos, apesar de os números da Covid-19 estarem diminuindo no estado", disse a vice-presidente do Sintepe, Valéria Silva.
Por Diário de Pernambuco
A retomada das atividades presenciais, começando pelo ensino médio, foi anunciada pelo governo do estado no dia 21 de setembro. A previsão é de início das aulas presenciais no dia 6 de outubro para o terceiro ano do ensino médio; no dia 13 para o segundo ano e no dia 20 para o primeiro ano. Ainda não há definição de cronograma para o ensino fundamental e a educação infantil.