Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, confirmou a saída de Rafinha do clube. O lateral aceitou uma proposta do Olympiacos, da Grécia, apesar dos esforços da diretoria rubro-negra em tentar reverter a situação.
- O Rafinha, a partir das 15h30, quando o Flamengo decola para Curitiba, está desligado do futebol profissional do Flamengo, a pedido dele.
Braz explicou a situação da saída de Rafinha e afirmou que o lateral entendeu que a proposta era muito boa para sua carreira. Ele ressaltou que o jogador impôs uma cláusula em seu contrato quando veio para o Flamengo, que permitia a liberação sem custos para o futebol europeu em caso de oferta. Por outro lado, o dirigente lembrou que o clube também não gastou na contratação. Rafinha não receberá o restante de luvas a que tinha direito no contrato com o Flamengo.
- O Rafinha recebeu uma proposta de um time grego. Já comunicou à gente que vai aceitar a proposta. O Flamengo lamenta, não gostaria de perder o atleta. Estou muito à vontade para falar dele. Custou bastante tempo para colocar na cabeça dele que poderia fazer um grande trabalho na América do Sul. Isso foi feito. Os resultados não são questionáveis.
- É um jogador de 35 anos e recebeu uma proposta para que ficasse dois anos, até os 37, jogando em alta performance. O atleta entendeu que deveria sair e nos comunicou. O Flamengo tentou entender como seria a proposta. São números que são grandes, e ele fez a opção por querer o novo contrato. Existia uma cláusula que, se ele quisesse voltar para a Europa, poderia quando quisesse. As pessoas têm que entender que quando o Flamengo foi buscar o Rafinha, foi buscar um jogador do Bayern de Munique, que estava há 14 anos na Alemanha. Tivemos que convencê-lo a mudar de vida. Foi maravilhoso enquanto durou. A cláusula foi imposta por ele. Se não tivesse este ponto, lá atrás ele não viria por questão de segurança - explicou Braz.
O dirigente afirmou também que o Flamengo está no mercado em busca de uma reposição. Por enquanto, a ideia é promover o jovem Matheuzinho, do sub-20, a partir da próxima semana.
- A partir desta decisão do Rafinha, começamos o processo efetivo de uma contratação para a posição. Eu não vou falar de nomes de jogadores porque atrapalha até a possível negociação com qualquer jogador que podemos ter. Se o jogador tiver contrato, a janela internacional vai de outubro a novembro. Mas se não tiver contrato, ele já pode vir. A reposição do Rafinha evidentemente é difícil. Longe de ser confortável repôr, mas será reposto. Eu acho que tem grandes laterais. Mas não é só a parte técnica a análise. É saber se é possível trazer estes laterais que identificarmos. Eles se comprometem com os dirigentes, com os elencos. Não é fácil, mas é dever nosso achar.
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Jogadores fora de forma?
- Essa situação em relação ao peso é de se estranhar. O departamento médico e de fisiologia do Flamengo é reconhecido internacionalmente. O Dr. Tannure e sua equipe toda hora são perguntados sobre metodologia. A grande imprensa e a mídia alternativa a toda hora fazem matérias exaltando e elogiando este departamento e de uma hora para outra tem problema com peso. Quando Jesus chegou, falaram que tinha muito treinamento e os jogadores estavam se quebrando. Agora, que encontrou jogador fora do peso. Temos um elenco maravilhoso, profissional e responsável.
Os atletas são inquestionáveis neste ponto. Várias partidas que o Flamengo virou no final, inclusive nosso maior título. Eu confio nos atletas e nos profissionais da área. Eu conferi os dados. E não correspondem a falta de comprometimento. É um ano atípico, em que o ápice da parte física não deve mesmo ser agora.
Por que não contratou um lateral no início do ano?
- Conhecíamos esta cláusula e procuramos a possibilidade de fortalecer o nosso elenco com outro jogador para a posição. Não conseguimos e não contrataríamos por contratar. Depois veio a pandemia, que paralisou desde março. Já expliquei por que não tivemos ênfase no mercado. Quanto ao João Lucas, quem tem que saber se ele está dentro do processo ou não é o técnico que chegou.
Resultados de Domènec
- O Jorge Jesus, quando chegou, teve de 15 a 20 dias para trabalhar, e o atual técnico teve cinco. Confiamos no profissional que contratamos e nos que chegaram com ele. Os resultados não são os esperados por todos, mas confiamos no trabalho do treinador. Temos que entender que tem um tempo para isso ser maturado.
Alterações de Domènec na equipe
- Eu não posso chegar e analisar o trabalho dele com sete dias úteis de trabalho. Foi opção dele essa parte tática. Ele, como todos os profissionais, viu o que se passou lá. Ele tem toda a liberdade e segurança da torcida para que sigamos com ele, com resultado melhor e com êxito. Não teve conversa com ele após o jogo. O que houve foi uma conversa, pedida pelo treinador. Ele pediu para os jogadores para ter uma conversa para falar de todas as questões que serão impostas no trabalho. Diferente do que saiu na imprensa, quem pediu a reunião foi o Domènec.
Renovação de Diego Alves
- No dia 14 de março o Flamengo parou de jogar e veio a pandemia. O Flamengo teve que se posicionar em situações da parte financeira. Muitas incertezas. Empresas patrocinadoras que tinham questões a se dirimir. O Flamengo se posicionou na parte financeira estrutural. Funcionários tiveram redução de salário, jogadores também. Não nos sentíamos a vontade de fazer nenhuma contratação ou renovação.
Diego Alves, quando a diretoria atual chegou, estava três meses afastado. Tinha goleiro vindo do México que estava aqui e teve que pegar a ponte aérea para São Paulo. O Flamengo não vai fazer loucura. Ninguém quer mais o Diego Alves que eu aqui. Diego Ribas conversamos também, já entendeu. Está tudo tranquilo. O que não está tranquilo são os resultados. Respeito a posição da torcida e dos jornalistas, mas fazemos um trabalho tranquilo.
Renovação de Diego Ribas
- Está andando. (As conversas) já se iniciaram.
Rodrigo Caio na lateral direita
- Eu até revi essa entrevista de dois anos atrás do Rodrigo Caio dizendo que se sente desconfortável na lateral. Mas foi opção do técnico. O resultado do jogo não foi só em função disso. Perdemos o jogo. O Flamengo jogou mal. Isso acontece. Times que são campeões também jogam mal. Se fizer uma análise dos jogos com o Fluminense, no Carioca, com outro técnico, os mesmos jogadores. Ali o Flamengo não esteve no seu melhor, também. Antes da pandemia, no último jogo, já sem público, o Flamengo teve dificuldades. Isso acontece. Não é o que a torcida quer. É o que o jornalista tem que analisar. Respeitamos. Mas temos que ter calma e tranquilidade para saber que estamos no norte certo.
Planejamento após a saída de Jorge Jesus foi um erro?
- Não enxergamos como um erro. Trazer o Mauricinho é um acerto da diretoria. Conhecemos o Maurício e o profissional que ele é. Agora, ele trabalhou junto com toda a fisiologia do Flamengo, departamento médico. Quando foi campeão, foi todo mundo junto, quando perde, está todo mundo junto. Falar que foi culpa de A, B ou C é muito raso.
Rafinha consultado sobre Domènec?
- O jogador, quando foi procurado por mim sobre o Domènec, foi por terem trabalhado no Bayern de Munique. Meu sentimento é nenhum. Estou acostumado com isso. O jogador quer sair, entende que tem uma boa proposta salarial. Ele quer ir embora. O jogador não tem nenhum compromisso comigo por ter falado do técnico. Evidente que se tem um profissional do nível do Rafinha e você pode fazer uma pergunta, você faz.
A pandemia prejudica o projeto do Flamengo de trazer profissionais da Europa?
- Pandemia foi um golpe para a humanidade. O Flamengo agora está numa posição que nunca teve. Nunca ousou de trazer um jogador do Bayern. Procuramos outros caminhos, com técnicos de fora. Quando a pessoa sai da Europa e vem para o Flamengo, a análise não é só do Flamengo, mas de todo o contexto. Analisa-se o país, as condições de moradia. O Rafinha estava há 14 anos na Alemanha. O Filipe Luís morava em Madri há 10 anos. A análise é a segurança de Madri e do Rio, a diferença das moedas. Eu e o Bruno (Spindel) conseguimos, apesar disso tudo, trazer jogadores da Europa. Isso tudo tinha que ser questionado há um ano. Quando trouxemos eles, foi muito divulgado e se sabiam as questões contratuais. O Flamengo briga de igual para igual para trazer jogadores para cá.
Desconforto na saída de Rafinha?
- Trabalhamos com naturalidade com isso. Quem trouxe o Rafinha para o Flamengo e estava tratando deste ajuste era o Lincoln. Um outro empresário, autorizado pelo Rafinha, trouxe outra proposta, e o Rafinha o autorizou a seguir em frente. Não tem desconforto nenhum. Ele foi um grande profissional, importantíssimo para os títulos que conquistamos. Se sentiu seguro e tranquilo em ir para o outro clube. Temos que respeitar.
Surpreende a saída do Rafinha?
- O Flamengo tem com o Rafinha um contrato de dois anos. Temos mais um ano. Teoricamente, cumprimos todos os pontos contratuais com o jogador e ele também. A multa dele é bem alta para a América Latina, mas o retorno para a Europa era possível por essa cláusula.
Como lidar com uma fase difícil depois de tanto tempo?
- Acho que a torcida do Flamengo comeu peixe mais espinhoso já. A diretoria também já passou por outras situações. Nos três títulos que disputamos este ano, nós ganhamos. Um nacional, Supercopa, um internacional, a Recopa e um regional, o Estadual.
Eu sei que a parada prejudicou a todos, não só o Flamengo. O jogo contra o Atlético-MG foi duro, jogamos o que podíamos, o Atlético bem armado, com jogadores qualificados. O Flamengo não aproveitou as oportunidades e não conseguiu os resultados. Ontem o Flamengo voltou a não jogar bem. No segundo tempo começou a melhorar e aí veio o terceiro gol, que praticamente definiu o resultado do jogo. Não é o resultado que queríamos, mas não falta vontade dos jogadores, concentração, absolutamente nada. É um momento de transição, que não foi opção da diretoria. Agora administramos a questão.
Detectou desmobilização no elenco após o Carioca?
- Entendo que os jogadores estão focados. São os mesmos jogadores. A maioria das pessoas que trabalham aqui são os mesmos que trabalhavam antes. O que notamos foi a falta das vitórias nos jogos. Não tem falta de apetite de jogador, falta de concentração. Temos um dos melhores departamentos de fisiologia do Brasil. Dr. Tannure ajudou muito em alguns protocolos para o retorno do futebol.
Até que ponto vai a confiança no projeto de Domènec?
- O projeto não é do Domenec. É do Flamengo. Ele está atrelado ao nosso projeto. É projeto vencedor, de futebol, de comando, de muita cobrança no futebol. O projeto é da instituição. O Flamengo ganhou muita coisa em 2019. O que podia em 2020. Agora é a gente se posicionar, estar bem nas competições, para que possamos ser campeões em 2021. Eu espero e muito que estejamos bem posicionados para que em 2021 tenhamos os mesmos resultados de 2019 e 2020.
Por Redação do ge — Rio de Janeiro