Festa dos jogadores do Salgueiro deve percorrer todo o estado e chegar ao sertão. Carcará faz história no Arruda (Foto: Paulo Paiva/DP)
Foram 106 edições de espera. Na última década, duas chances perdidas calaram um grito que, por muito tempo, pareceu distante. Para muitos impossível. Inalcansável. Até esta quarta-feira, quando ele, enfim, ecoou em alto e bom som um grito: é campeão! Que encarna a resistência de um povo - e de um time - que não desiste. O sertanejo é antes de tudo, um forte. E Salgueiro, é mais do que nunca, campeão. O primeiro clube a conquistar o título pernambucano. Um feito para a história.
E como não poderia deixar de ser, a conquista veio de forma sofrida na noite desta quarta-feira. Contra o Santa Cruz, o Carcará venceu nos pênaltis por 4 a 3 (após empate sem gols no tempo normal) e alçou seu maior voo. Uma nova página da vasta história do estadual. Agora pintada de vermelho, branco e verde. Uma página sertaneja.
O jogo
O início da decisão do Pernambucano teve dois lances polêmicos. Ambos pelo lado do Santa Cruz - amplamente melhor no primeiro tempo. Aos 13 e aos 16 minutos, um gol coral anulado por impedimento e uma falta na entrada da pequena área que o juiz não interpretou como pênalti.
Mesmo compacto na defesa e dono das maiores investidas do jogo, faltava ao Santa Cruz criatividade no ataque para furar o bloqueio do Carcará. Sem muito sucesso, o Salgueiro acordou no jogo. E, em uma oportunidade, levou bastante perigo à meta tricolor. Ciel cruzou, a bola passou por toda a defesa e sobrou para Arthur finalizar, mas o zagueiro furou o lance. Resumo de um primeiro tempo sem maiores emoções.
Segundo tempo
O Salgueiro voltou mais atento à marcação na etapa complementar, inibindo com eficiência o Santa Cruz, que não chegou com tanta frequência na defesa sertaneja como no primeiro tempo. Apenas aos 20 minutos que o tricolor assustou. Em cruzamento, Danny Morais ganhou de cabeça, a bola apareceu para Wiliam Alves que, cara a cara com César Tanaka, finalizou fraco e o goleiro do Carcará defendeu.
Em seguida, veio a melhor chance do Santa Cruz. Em uma investida no ataque, Victor Rangel mandou a bola para área do Salgueiro. Paulinho, no rebote, pegou mal, a bola sobrou para Didira que, de frente para o gol, chutou, mas parou em Tanaka. Sem alteração no placar, o jogo foi para os pênaltis. E aí brilhou a estrela de Ciel, Muller, Adenílson e Alisson. Um dos tantos protagonistas de uma vitória heróica, única. Para sempre.
Ficha do jogo
Santa Cruz 0 (3)
Maycon Cleiton, Toty, Wiliam Alves, Danny Morais e Fabiano; André, Paulinho e Didira (Mayco Félix): Jeremias (Derlis Alegre) (Victor Rangel), Augusto Potiguar (João Cardoso) e Pipico. Técnico: Itamar Schülle
Salgueiro 0 (4)
Tanaka; Sinho (Dadinha), Ranieri, Arthur e Bruno Sena; Daniel Rodrigues, Tarcísio (Muller Fernandes) e William Daltro; Renato Henrique (Raimundinho); Ciel e Thomas Anderson (Alison Araçoiaba). Técnico: Daniel Neri
Local: Estádio do Arruda
Cartões amarelos: Cinho (S), Paulinho (STA), Didira (STA), Bruno Sena (S)
Arbitragem: Diogo Fernando
Assistentes: Clóvis Amaral e Bruno Vieira
Do amadorismo ao primeiro título estadual do interior: a história meteórica do Salgueiro
Contra o Santa Cruz, no Arruda, Salgueiro chega ao ponto mais alto da sua história, com o título pernambucano (Foto: Paulo Paiva/DP)
Um clube fundado há 48 anos, mas que se profissionalizou há apenas 15 e desde então vem em um crescimento vertiginoso. Uma ascensão meteórica, que neste histórico 5 de agosto de 2020 chegou ao seu ponto mais alto. Em sua terceira final de campeonato, em um intervalo de seis edições, o Salgueiro Atlético Clube finalmente dá ao interior o seu primeiro título de campeão pernambucano, se colocando assim definitivamente como o maior clube do estado fora da capital. Uma caminhada pavimentada degrau a degrau. Mas que não deve parar. Afinal, o Carcará tem fome.
O título conquistado no Arruda foi o ponto mais importante de uma sequência de feitos obtidos desde que o clube decidiu deixar de disputar apenas competições amadoras. Já em 2005 veio o acesso à elite do futebol estadual, com o vice campeonato da Série A2. No mesmo ano, a primeira taça. A Copa Pernambuco, conquistada sobre o Sport.
Porém, como todo debutante, o Salgueiro sofreu em seu primeiro ano entre os grandes e acabou rebaixado, retornando já em 2008 após conquistar a Série A2 de 2007. A partir daí, o Carcará sempre se fez presente na Primeira Divisão de Pernambuco, passando a alçar voos também fora do estado.
Já em 2008, após o quarto lugar no Estadual, o clube participou pela primeira vez da Série C do Brasileiro, com direito a ajudar a rebaixar o Santa Cruz para a Série D. Porém, o grande feito veio em 2010. Em uma partida histórica contra o Paysandu, no estádio da Curuzu, o time sertanejo venceu por 3 a 2, calou mais de 15 mil torcedores e chegou pela primeira vez à Série B. Era o Salgueiro entre os 40 maiores do futebol nacional.
Porém, no Brasileiro, o clube sertanejo não pôde jogar em sua casa. Com o Cornélio de Barros passando por reformas para aumento da capacidade, o time precisou fazer todos os seus jogos no estádio Ademir Cunha, em Paulista, região metropolitana do Recife e distante 528 quilômetros de Salgueiro. Longe do seu ninho, o Carcará foi rebaixado.
Em 2018, novo rebaixamento, dessa vez para a Série D, de onde o clube buscará sair este ano. Mas a história continuou a ser escrita positivamente. Com um centro de treinamento em construção, o Salgueiro passou a ser figurinha carimbada entre os melhores do Pernambucano, desde que a competição passou a contar com semifinais, em 2010.
Foram sete vezes entre os quatro primeiros colocados. Com isso, no próximo ano, o Carcará irá disputar a sua sexta edição de Copa do Nordeste, assim como a sua sexta Copa do Brasil. E agora, carregando no uniforme o orgulho de ser campeão pernambucano de 2020. Para sempre, o primeiro do interior.
Contra o Santa Cruz, no Arruda, Salgueiro chega ao ponto mais alto da sua história, com o título pernambucano (Foto: Paulo Paiva/DP)
O título conquistado no Arruda foi o ponto mais importante de uma sequência de feitos obtidos desde que o clube decidiu deixar de disputar apenas competições amadoras. Já em 2005 veio o acesso à elite do futebol estadual, com o vice campeonato da Série A2. No mesmo ano, a primeira taça. A Copa Pernambuco, conquistada sobre o Sport.
Porém, como todo debutante, o Salgueiro sofreu em seu primeiro ano entre os grandes e acabou rebaixado, retornando já em 2008 após conquistar a Série A2 de 2007. A partir daí, o Carcará sempre se fez presente na Primeira Divisão de Pernambuco, passando a alçar voos também fora do estado.
Já em 2008, após o quarto lugar no Estadual, o clube participou pela primeira vez da Série C do Brasileiro, com direito a ajudar a rebaixar o Santa Cruz para a Série D. Porém, o grande feito veio em 2010. Em uma partida histórica contra o Paysandu, no estádio da Curuzu, o time sertanejo venceu por 3 a 2, calou mais de 15 mil torcedores e chegou pela primeira vez à Série B. Era o Salgueiro entre os 40 maiores do futebol nacional.
Porém, no Brasileiro, o clube sertanejo não pôde jogar em sua casa. Com o Cornélio de Barros passando por reformas para aumento da capacidade, o time precisou fazer todos os seus jogos no estádio Ademir Cunha, em Paulista, região metropolitana do Recife e distante 528 quilômetros de Salgueiro. Longe do seu ninho, o Carcará foi rebaixado.
Em 2018, novo rebaixamento, dessa vez para a Série D, de onde o clube buscará sair este ano. Mas a história continuou a ser escrita positivamente. Com um centro de treinamento em construção, o Salgueiro passou a ser figurinha carimbada entre os melhores do Pernambucano, desde que a competição passou a contar com semifinais, em 2010.
Foram sete vezes entre os quatro primeiros colocados. Com isso, no próximo ano, o Carcará irá disputar a sua sexta edição de Copa do Nordeste, assim como a sua sexta Copa do Brasil. E agora, carregando no uniforme o orgulho de ser campeão pernambucano de 2020. Para sempre, o primeiro do interior.
Por Diário de Pernambuco