O discurso ocorreu em frente ao Quartel General do Exército e na data em que é celebrado o "Dia do Exército".
Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvir o presidente, contrariando as orientações dadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus.
Essa foi a maior aglomeração provocada pelo presidente desde o início da adoção de medidas contra a pandemia no Brasil.
Pouco depois, Bolsonaro postou em uma rede social um trecho do discurso em que diz aos manifestantes:
"Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil."
Entre os apoiadores do presidente, alguns carregavam faixas pedindo "intervenção militar já com Bolsonaro". As faixas tinham o mesmo padrão e pareciam ter sido feitas em série.
Até as 15h50, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) não haviam se manifestado sobre o discurso do presidente.
Bolsonaro discursou de cima de uma caminhonete. Ele voltou a criticar o que chamou de "velha política" e disse que "todos" precisam entender que estão "submissos à vontade do povo brasileiro."
"Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria. E vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política", afirmou.
O presidente também disse que "acabou a época da patifaria" e que ele e os apoiadores não querem "negociar nada".
"Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder."
Bolsonaro afirmou aos manifestantes que podem contar com ele "para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade".
Mais cedo, os apoiadores de Bolsonaro fizeram uma carretada por Brasília e passaram na Esplanada dos Ministérios, onde também fica o prédio do Congresso.
Demissão de ministro e embate com governadores
Na semana passada, Bolsonaro demitiu o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depois de embate público envolvendo medidas de restrição social para combate à pandemia do novo coronavírus.
Contrariado pela defesa de Mandetta das medidas de isolamento pregadas pela OMS, nas últimas semanas Bolsonaro fez passeios por Brasília, que geraram aglomeração de pessoas.
O presidente também tem criticado governadores que adotaram medidas de restrição de movimentação de pessoas, entre eles o de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Bolsonaro chegou a editar uma Medida Provisória para concentrar o poder de aplicar medidas de restrição durante a pandemia. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os estados também têm poder para aplicar regras de isolamento.
Também na semana passada, Bolsonaro criticou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem acusou de estar conduzindo "o Brasil para o caos".
A crítica de Bolsonaro a Maia ocorre em meio à votação pelo Congresso de medidas econômicas para enfrentamento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
Uma dessas medidas, já aprovada pela Câmara mas que ainda aguarda análise do Senado, obriga o governo federal a compensar os estados e municípios por perdas de arrecadação nos próximos meses. Bolsonaro e sua equipe são contra essa medida, que é defendida por Maia.