Bolsonaro, que também é filiado ao PSL, conversou com a imprensa nesta manhã, na portaria do Palácio da Alvorada, antes de seguir para a agenda do dia no Palácio do Planalto.
Na última terça-feira (13), o PSL decidiu, por unanimidade, expulsar o deputado Alexandre Frota (veja no vídeo abaixo). A expulsão não acarretará na perda do mandato de Frota, que poderá permanecer como deputado em outra sigla. Ele já tem convites de filiação a outros partidos.
O pedido de expulsão de Frota partiu da deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Segundo a parlamentar, a situação de Frota no partido era "insustentável".
Nos últimos dias, Frota passou a criticar publicamente o governo e o presidente, e chegou a declarar que estava decepcionado com Bolsonaro e com a falta de articulação do presidente com os parlamentares.
Em mais de uma ocasião, o parlamentar criticou, por exemplo, a iminente nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Um dos principais articuladores do PSL na votação da reforma da Previdência na Câmara, Alexandre Frota decidiu se abster na análise da proposta em segundo turno, contrariando a orientação do partido, depois de ter sido retirado da vice-liderança do partido na Câmara e do comando de três diretórios municipais a pedido de Bolsonaro.
Frota foi eleito para o primeiro mandato de parlamentar com 155 mil votos, sendo o 16º candidato mais bem votado do estado de São Paulo.
De apoiador a crítico
Frota filiou-se ao PSL em 4 de abril do ano passado, informa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre a eleição de 2018, em outubro, e a expulsão do partido, a tônica dos comentários do deputado nas redes sociais mudou. De apoiador dedicado, converteu-se em crítico que foi subindo o tom cada vez mais.
Logo após a confirmação de sua vitória na eleição para presidente do ano passado, por exemplo, Bolsonaro fez um discurso e uma oração acompanhado de pessoas que deveriam formar o núcleo duro de seu governo. Alexandre Frota estava entre delas.
De acordo com o colunista do G1 Valdo Cruz, Bolsonaro determinou a Luciano Bivar, presidente do PSL, que fizesse o trabalho para expulsar o deputado do partido.
Abuso de autoridade
Na entrevista desta manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ainda, que ainda vai analisar o projeto que define em quais as situações será configurado o crime de abuso de autoridade, aprovado na noite desta quinta-feira (14) na Câmara dos Deputados. Como a proposta já foi aprovada pelo Senado, o próximo passo é a sanção do presidente.
Entre os pontos do texto aprovado, está o que pune com pena de um a quatro anos de detenção quem obter prova em procedimento de investigação por meio ilícito. A proposta também pune quem pedir a instauração de investigação contra pessoa mesmo sem indícios de prática de crime (pena de seis meses a dois anos de detenção).
Eduardo Bolsonaro
O presidente também foi questionado sobre a indicação do filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal do PSL por São Paulo. Bolsonaro disse que sabe quando será o melhor momento para encaminhar a indicação do deputado a embaixada do Brasil em Washington.
"Essa pergunta você tem que fazer a ele [se referindo ao deputado Eduardo Bolsonaro]. Ele está andando no Senado e vai sentir o momento para encaminhar", disse.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já afirmou que considera Eduardo Bolsonaro "extraordinário, um jovem brilhante, incrível" e que a indicação para a embaixada do Brasil em Washington tinha o deixado "muito feliz".
Na semana passada, os Estados Unidos formalizaram o aval para indicação do Eduardo Bolsonaro. O comunicado oficial chegou sexta-feira (9) ao Itamaraty.
Por Geovanna Gravia, TV Globo e G1 — Brasília