Mensagens de áudios divulgadas por familiares nesta quinta-feira, 23, descrevem os últimos momentos dos seis brasileiros que morreram em Santiago após a inalação de gás. As duas gravações foram enviadas por Débora Muniz Nascimento de Souza, 38 anos, que estava no Chile junto do marido (Fabiano de Souza, de 41 anos), dos dois filhos adolescentes (Karoliny, de 14 anos, e Felipe, de 13), do irmão (Jonathas Nascimento Kruger, de 30 anos) e da cunhada (Adriane Kruger).
Segundo parentes, os brasileiros pretendiam adiantar o retorno ao País após serem avisados da morte da mãe de Débora e Jonathas, que morrera horas antes do incidente com gás. Iete Isabel Muniz Nascimento estava internada desde terça-feira, 21, por causa de um câncer e morreu na madrugada de quarta-feira. O corpo foi cremado na manhã desta quinta, já após a notícia da morte dos seis no Chile.
No primeiro áudio, enviado a uma irmã, Débora pede ajuda para o filho Felipe, que já apresentava mal-estar. Ela chora e diz que o garoto está "roxo" e pergunta se colocá-lo em uma banheira com água quente poderia reanimá-lo. "Eu não sei o que fazer", disse.
Já na outra gravação ela descreve que os demais também estão apresentando os mesmos sintomas, como fraqueza e vômito. "As minhas articulações também estão parando e ficando roxas", comentou. "Acho que fomos contaminados por algum vírus", disse. "Acho que nós todos vamos morrer."
As mensagens foram compartilhadas com a polícia chilena momentos antes de o consulado brasileiro entrar no imóvel, após ser acionado por parentes das vítimas.
Os brasileiros viajaram para Santiago no domingo, 19, para comemorar o aniversário de 15 anos de Karoliny. Com exceção de Adriane, que nasceu em Goiânia, as vítimas eram de Biguaçu, município da região metropolitana de Florianópolis. Na noite de quarta-feira, eles começaram a sentir os sintomas de uma possível intoxicação por monóxido de carbono, provavelmente provocada por uma estufa a gás.
O apartamento foi alugado pela plataforma Airbnb, data de 1965 e possui três fontes de gás para aquecimento. Em entrevista a canais de televisão chilenos, o segundo comandante do Corpo de Bombeiros chileno, Diego Velásquez, confirmou a hipótese e disse que a concentração de monóxido de carbono foi constatada assim que a primeira equipe chegou ao local.
Prima de Débora, Noemi Fortunato Nascimento diz que não sabe se os familiares de fato chegaram a chamar socorro local, apesar de a vítima falar em demora da ambulância em uma gravação. Segundo ela, a viagem estava programada há cerca de um ano e era um presente para Karoliny.
A entrada no apartamento foi pedida ao Consulado Brasileiro no Chile pelo advogado Mirivaldo Aquino de Campos, que é amigo de um dos familiares que trabalha em seu escritório. Débora, o marido e os filhos viviam em Biguaçu, enquanto Adriane e o marido moravam em Hortolândia, no interior de São Paulo.
As vítimas:
Fabiano de Souza, 41 anos: é pai de Felipe e Karoliny e marido de Débora. Trabalhava como pedreiro e pescador;
Débora Muniz Nascimento de Souza, 38 anos: mãe de Felipe e Karoliny, mulher de Fabiano, era professora;
Karoliny Nascimento de Souza, 14 anos: filha do casal que completaria 15 anos nesta sexta, 21;
Felipe Nascimento de Souza, 13 anos: filho do casal, foi o primeiro a apresentar os sintomas da intoxicação;
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Jonathas Nascimento, 30 anos: irmão de Débora e padrinho de Karoliny - a quem presenteou a viagem de aniversário -, vivia em Hortolândia e era chefe do Departamento Pessoal do Instituto Adventista de Tecnologia;
Adriane Kruger: natural de Goiânia, era casada com Jonathas e morava em Hortolândia.
Com a palavra, o Ministério das Relações Exteriores
O Ministério das Relações Exteriores manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de seis brasileiros de uma mesma família em um apartamento localizado na região central de Santiago, no Chile, em 22 de maio.
Na tarde do ocorrido, o Consulado-Geral do Brasil em Santiago foi alertado por familiares das vítimas no Brasil, tendo diplomata daquela repartição imediatamente comparecido ao local e acompanhado a abertura do imóvel onde se encontravam os falecidos.
O Consulado-Geral do Brasil em Santiago segue acompanhando o caso e prestando apoio integral para os trâmites necessários à liberação e ao traslado dos corpos. Serão igualmente acompanhados os procedimentos investigativos, a cargo das autoridades chilenas. O Itamaraty aguarda a identificação oficial das vítimas.
Por Estado de Minas