O objetivo da campanha é chamar a atenção de todos para os graves problemas enfrentados pelo Rio e sua Bacia, e para a necessária e urgente revitalização. Segundo Anivaldo Miranda, o CBHSF já concluiu 58 projetos que beneficiaram mais de 60 municípios ao longo da Bacia com investimentos na ordem de R$ 42 milhões.
“O Comitê, na sua composição, representa a sociedade civil, associações de pesquisas, organizações comunitárias, enfim, todos aqueles que tenham alguma interação com a temática das águas”, argumentou Anivaldo. “O comitê também é responsável pela aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta. Os recursos que o comitê usa não são oriundos de impostos, não é dinheiro público no sentido de recursos estatais”, reforçou o presidente do CBHSF.
Na perspectiva de sanar o lançamento desenfreado de esgotos e dejetos químicos na calha do rio, o CBHSF se tornou o principal financiador na elaboração de planos de saneamento básico de municípios situados no território da bacia. “Onde o poder público não chega nós fazemos esse trabalho de formiguinha”, comentou Anivaldo, lembrando que o Comitê já realizou 63 planos municipais de saneamento básico.
O vice-presidente Maciel Oliveira reforçou que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco “não pede nada de contrapartida dos municípios beneficiados” por esses planos de saneamento.
Projetos
Os projetos do CBHSF são diversos, mas Anivaldo Miranda destacou as barraginhas, recarga de aquíferos, recuperação de mata ciliar, proteção de nascentes, retificação de estradas vicinais, combate aos processos erosivos, além das ações culturais.
O presidente do CBHSF ainda falou sobre um importante projeto que leva água tratada a comunidades tradicionais. Um exemplo disso é a tribo Pankará, localizada na aldeia Serrote dos Campos, no município de Itacuruba (PE), no Sertão de Itaparica. A localidade da tribo está a cerca de seis quilômetros do Rio São Francisco, porém, apesar da proximidade, os habitantes da aldeia sofriam com a falta de água para as necessidades básicas.
Os membros do colegiado ainda responderam perguntas sobre a questão envolvendo a Barragem de Brumadinho (MG) e os níveis dos principais reservatórios da Bacia do São Francisco – em especial Sobradinho, que está com cerca de 50 % de seu nível total de armazenamento e liberando 800 metros cúbicos de água por segundo m³/s).
Esforços
“Precisamos que os esforços dos governos estaduais, federal e municipais, além da iniciativa privada, sejam em torno do que é necessidade para a recuperação da Bacia. Nesses seis anos de campanha as pessoas se identificaram, criaram o espírito de mobilização. Queremos que todo o país tenha mobilização no dia 3 de junho”, pontuou o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira.
O coordenador da Câmara Consultiva do Submédio São Francisco e Reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Julianeli Tolentino, enfatizou o tema é de suma importância. “O dia em 3 de junho é uma data simbólica, é um marco, mas o dia do rio é todo dia. Tentamos sensibilizar a comunidade, os representantes políticos locais exatamente para que se discuta políticas voltadas para a sustentabilidade do rio. Assim nós temos feitos em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), cidades-polo da nossa região. Quando nós temos a oportunidade de chegar a esses representantes, frisamos a importância de termos a sustentabilidade desse manancial, principalmente com vistas a termos um maior volume de água e que essa água tenha qualidade para as futuras gerações”, finalizou Tolentino.
Mobilização
O dia 3 de junho, Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, foi instituído pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e coloca o Velho Chico para sempre no calendário brasileiro de eventos. Já a carranca representa o maior símbolo do rio da Integração Nacional, além de fazer parte da cultura brasileira. Para esse ano, a mobilização em torno da preservação do São Francisco acontecerá simultaneamente em Juazeiro (BA) Três Marias (MG), Bom Jesus da Lapa (BA) e Pão de Açúcar (AL), nos dias 2 e 3 de junho.
Por CBHSF.