O Projeto de Recuperação de Mata Ciliares do Rio São Francisco, que o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (CRAD), da Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf vem desenvolvendo em parceria com a Agrovale, completou três anos nesta quinta-feira (2) com a visita de estudantes e professores de três universidades nordestinas. O grupo com mais de 100 alunos dos cursos de Ciências Ambientais, Engenharia Ambiental e da Sustentabilidade e de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e da própria Univasf, chegou cedo à área experimental da Agrovale, às margens do Rio da Unidade Nacional.
O primeiro passo foi conhecer os experimentos de controle de invasão biológica da algaroba, o uso racional da água e a biodiversidade das matas ciliares. Depois, os visitantes ouviram o coordenador do projeto e professor da Univasf (Campus de Ciências Agrárias, Petrolina, PE), José Alves de Siqueira, falar sobre o desenvolvimento de espécies típicas como jatobá, ingazeira e o marizeiro, a partir do manejo dos locais invadidos pelas algarobas. De acordo com o coordenador, essa espécie invasora exótica já ocupa cerca de 1 milhão de hectares da Caatinga, único ecossistema integralmente brasileiro com 4,5 mil espécies vegetais, mas com desafios importantes sobre as melhores técnicas de restauração de matas ciliares.
No segundo momento os estudantes colocaram em prática o aprendizado, identificando as espécies vegetais e fazendo os plantios conforme os modelos já testados e aprovados. Bastante impressionado com os experimentos, o estudante de Engenharia Ambiental e da Sustentabilidade da UFSB, Gabriel Martins, disse que a visita foi muito proveitosa e oportuna. “Está valendo muito o aprendizado no campo e a descoberta dos modelos aqui testados, que serão de muita valia para as demais regiões que hoje sofrem com a degradação”, comentou.
O professor Marcelo Moro, da UFC também avaliou positivamente as observações e leitura dos espaços feitas pelos 31 alunos que vieram na sua caravana. “Sairemos daqui hoje muito mais conscientes e determinados a replicar essa experiência para que tenhamos um reflorestamento em larga escala na Caatinga e a recuperação das áreas ribeirinhas”, pontuou.
O professor da UFSB, Fábio Espirito Santo, destacou ainda as atividades práticas desenvolvidas com a equipe multidisciplinar do projeto. "Nossos alunos tomaram nota detalhadamente das pesquisas voltadas à recomposição florestal da mata ciliar do Velho Chico, especialmente no que tange à aplicação de técnicas e geração de modelos voltados à restauração ecológica dessas áreas na Caatinga", completou o educador.
Para a coordenadora de Meio Ambiente da Agrovale, Thaisi Tavares, a visita, além de marcar os três anos de desenvolvimento da parceria público-privada, também amplia os horizontes da pesquisa com uma maior divulgação dos experimentos em outras partes do país. “Precisamos sensibilizar e conscientizar um número cada vez maior de pessoas sobre a necessidade de recuperação das nossas matas ciliares e sobre os problemas que trazem as invasões de espécies exóticas. Precisamos, mais do que nunca, deter o desmatamento e a degradação ambiental”, concluiu, anunciando a manutenção da parceria da Agrovale para a continuidade do projeto.