Josefa da Conceição dos Santos trabalhava como diarista para Denirson e Jussara Paes há tempos, mas há exatamente um ano com carteira assinada. Ao falar do patrão - o médico cardiologista encontrado morto na cacimba da casa onde morava, em Aldeia, Camaragibe - Josefa demonstra gratidão. É ela a personagem presente em várias páginas desta história investigada pela Polícia Civil de Pernambuco que busca desvendar o que aconteceu na casa 153 do residencial Torquato Castro entre 30 de maio, quando Denirson foi visto pela última vez, até 4 de julho, quando seu corpo começou a ser encontrado. Jussara e o filho mais velho do casal, Danilo Paes, estão presos temporariamente, suspeitos pelo assassinato, esquartejamento e ocultação do cadáver do médico.
Segundo Josefa, em uma das últimas vezes que conversou com Denirson, ele avisou que iria viajar para a casa dos pais (em Campo Alegre de Lourdes - BA) e que, na volta, iria “morar no apartamento só”. “Ele disse que estava se separando dela (Jussara) e que não aguentava mais a convivência, que ela cobrava muito dele”, narrou à Folha de Pernambuco. Josefa, então, perguntou ao patrão o que seria dela. “O senhor vai me deixar como? E ele disse: ‘você fica aqui (na casa), toda semana eu mando a feira e nas quinzenas, venho lhe pagar’. Perguntei quem ia ficar fazendo as coisas pra ele, e ele disse: ‘vou tirar um dia para você fazer as coisas para mim’”, relembrou. A conversa terminou com o médico afirmando que conversaria com a esposa sobre a decisão.