Passei o dia todo esperando vir-me à cabeça o que deve ser dito diante da morte da vereadora Marielle no Rio de Janeiro.
O crime é cruel. Ver morrer pessoas inocentes dói demais; e calar a voz de uma representante do povo é uma afronta ao estado.
Tudo leva a crer, sem querer cometer o erro de tirar conclusões precipitadas, que bandidos ou milicianos (dá no mesmo) tiraram a vida de uma jovem aguerrida, porque defendia suas convicções com coragem e ousadia.
Se realmente o crime foi motivado por suas posições políticas, estamos diante de um ato de extrema covardia, de quem não tolera diferenças ou estranha posturas sérias, de quem não se dobra à corrupção nem se atemoriza.
Não sendo esse caso, a indignação é a mesma, estaria, portanto, ela, que praticava o discurso dos direitos humanos e do combate à criminalidade a partir dos investimentos nas áreas sociais, representando as milhares de pessoas que morrem todos os dias nesse país.
Falar de crime, devo falar de drogas. Perdemos a guerra, ponto final. Infelizmente. Não adianta mais. E nunca venceríamos mesmo, porque eventualmente, o juiz que condena é aquele que chega em casa e fuma maconha. O promotor que pede a prisão; o político que discursa bravamente na tribuna; o cidadão comum que se indigna com a criminalidade, também cheira cocaína por diversão. Duro não é? É a verdade.