A doença venosa é mais frequente, atingindo cerca de 70% da população acima dos 50 anos. O angiologista e cirurgião vascular Marcelo Monteiro fala sobre o assunto à coluna 'Longevidade: Modo de Usar', do G1 (Foto: Mariza Tavares)
Normalmente, uma ida ao angiologista não faz parte do check-up, mas há sinais que deveriam chamar nossa atenção para a existência de problemas circulatórios. Por isso conversei com o angiologista e cirurgião vascular Marcelo Monteiro, especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Quais são os problemas circulatórios mais comuns?
Dr. Marcelo Monteiro: O que precisa ficar claro em primeiro lugar, quando falamos do sistema circulatório, é que dispomos de um sistema arterial, responsável por levar o sangue até seu destino final, seja um órgão ou um membro, e o sistema venoso, responsável por drenar o sangue da periferia do corpo de volta ao coração, para que seja reoxigenado nos pulmões e possa retornar à circulação arterial, fechando assim um ciclo. A partir daí podemos entender que, apesar de interligados, são dois sistemas com características próprias e, portanto, sujeitos a doenças particulares e com tratamentos distintos. Quando falamos de doença arterial, estamos tratando de algo bem mais grave, com importante relação com a hipertensão arterial e o diabetes. Essas são doenças prevalentes com o envelhecimento e, quando combinadas com hábitos como tabagismo e sedentarismo e as doenças do colesterol, podem acelerar a aterosclerose, levando a uma diminuição progressiva do calibre dos vasos sanguíneos, principalmente dos membros inferiores. Se o fluxo de sangue diminui, o paciente sente dor intensa nas pernas, especialmente nas panturrilhas, causada pelo simples fato de caminhar. Quando se interrompe a caminhada, a melhora das dores se dá em minutos. Chamamos isso de claudicação intermitente, sinal clássico de que a oferta de sangue e oxigênio está insuficiente. Estágios mais avançados da doença podem levar à dor em repouso e à gangrena dos dedos, com elevado risco de danos maiores. A doença venosa já é mais frequente, atingindo cerca de 70% da população acima dos 50 anos. A forma mais comum são os microvasos, com um componente mais estético, atingindo com frequência a face lateral da coxa e interna dos joelhos. Pode variar até o comprometimento da veia safena, demandando diferentes formas de tratamento. Os sintomas incluem sensação de peso e cansaço, inchaço nos tornozelos, principalmente ao final do dia e após longos períodos de pé. Pode ocorrer mudança na coloração da pele, com uma pigmentação em formato de bota.
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