Eleito para o segundo mandato de deputado estadual nas eleições de 2014, com 64.456 votos, o florestano Rodrigo Novaes foi entrevistado ao vivo pelo radialista e blogueiro Assis Ramalho, no 'Acordando com as Notícias', programa transmitido pela Web Rádio Petrolândia, nesse mês de janeiro.
Em longo bate-papo, com a participação de ouvintes em mensagens de whatsapp, o vice-presidente estadual do PSD, filho do
, falou de seu ingresso na política e fez um balanço do seu mandato.
Ele ainda comentou as expectativas para as eleições de 2018 e sobre seu futuro na política, além de outros temas. O link para o áudio da entrevista está disponível no final desta matéria.
Começamos a entrevista perguntando em qual etapa de sua vida teria começado o interesse pela política
''Eu nasci no meio da política. No café da manhã, no almoço e na janta, lá em casa, só se ouvia política. Meu pai (Vital Novaes) era deputado (estadual, por seis mandatos). Quando eu tinha 15 anos de idade, quando meu pai não queria mais deputar eleição para deputado, ele sempre me passou as dificuldades que um parlamentar tinha em seu caminho. Meu pai sempre trabalhou, independentemente de mandato de parlamentar. Com 15 anos, fui estudar Direito na Universidade Católica (Unicap, no Recife). Depois, me formei em Direito e comecei a advogar, mas também fiz política estudantil. Depois, fui presidente fundador da ADAC –Associação em Defesa da Advocacia e da Cidadania, entidade que surgiu para defender as prerrogativas dos advogados. E, a partir dali, eu acho que eu comecei a ver uma coisa mais concreta de se fazer política, mas, até então, restrita à classe dos advogados de Pernambuco. Mas, depois, em 2002, quando eu tinha 22 anos, a gente ia escolher algum deputado para votar, e votamos em um deputado estadual de fora (preferiu não citar nome), que foi uma grande decepção. Foi uma grande decepção para a região, para Floresta e para o nosso grupo político. E quando foi em 2005, eu me lembro que, em um belo dia, o meu pai chegou em casa, eu estava assistindo televisão, e disse "Rodrigo, a gente não tem mais como votar em outros candidatos não, porque a gente não confia mais em ninguém. Mas, a gente precisa participar da eleição (2006)''. E ali a gente entendeu que podia ser colocado o meu nome na disputa. Na época, eu tinha 25 para 26 anos de idade, e em 2006 eu disputei a minha primeira eleição. Com muitas dificuldades, sem dinheiro, todos desconfiados de mim, muitos achando que eu não tinha nenhuma condição de vencer a eleição, e acabou que naquele ano a gente não conseguiu ganhar, mas saímos com um sentimento muito bom. Tive 11.758 votos. Isso me estimulou para seguir adiante. Em 2007, eu voltei a advogar, fui gestor jurídico da Secretaria de Administração, convidado pelo governador Eduardo Campos, e o secretário da época era o atual governador Paulo Câmara. E a gente fez um trabalho para que pudesse se fortalecer politicamente aqui na região, a partir de 2006. Quando foi em 2008, disputei a eleição de vice-prefeito em Floresta, já fazia 32 anos que o nosso grupo político não conquistava uma vitória na prefeitura. E eu tive o prazer de ser eleito vice-prefeito da ex-prefeita Rorró. Então, eu comecei a me preparar para poder disputar novamente uma cadeira de deputado estadual, porque imaginava que a gente podia e necessitava qualificar essa região do Sertão de Itaparica. Foi quando começamos a correr ''trechos", mostrando, levando a nossa mensagem, falando de nossa forma de enxergar política, de servir, de estar junto com as pessoas, de poder ser verdadeiro, ser transparente, e, graças a Deus, as pessoas compreenderam. E acabou que, em 2010, a gente se elegeu pela primeira vez deputado estadual, com uma votação expressiva de mais de 27 mil votos. E aí, com um mandato parlamentar, acabava aquela fase de dizer, de mexer com a esperança das pessoas. A gente tinha então que começar a trabalhar, mostrar trabalho, mostrar nossas ações, concretizar aquilo que a gente dizia que iria fazer quando não tinha o mandato. Iniciamos um trabalho muito forte, entre 2010 e 2014, tratando de problemas muitos sérios, levantando bandeiras justas, defendendo o povo pernambucano, o povo sertanejo, levando ações. Na época, o governador era Eduardo Campos. E, quando foi em 2014, o povo de Pernambuco me fez o deputado estadual mais votado do Sertão. Em 2010, tive mais de 27 mil votos e em 2014 eu consegui mais de 64 mil votos. Fui o mais votado do Sertão e o 9º mais votado em todo o Estado. Isso para um homem sertanejo, simples, humilde. Como você sabe, Assis, não sou de classe média. Quem conhece o meu pai sabe que a sua riqueza é a de poder servir, a educação, a verdade, a forma de ser, e foi isso que eu aprendi com ele ao longo da minha vida.
Análise do segundo mandato e expectativa de concorrer à reeleição em 2018
A partir de então, a nossa responsabilidade dobrou e a gente começou a trabalhar mais ainda. Expandimos nossos trabalhos pelo Sertão e também em outras áreas. Hoje, a gente também tem atuação na região da Mata, no Agreste e, com isso, a gente também expandiu nossos trabalhos para outros municípios do Sertão. E agora está chegando as eleições de 2018, para mais uma vez a gente poder prestar contas do que a gente fez, do nosso trabalho, da nossa atuação, e se as pessoas entenderem que a gente deve dar continuidade ao nosso trabalho, a gente deverá renovar o nosso mandato na Assembleia Legislativa a partir de 2019.
Análise do cenário político nacional de 2017
O ano de 2017 foi um ano difícil, um ano de crise, um ano de instabilidade política, muitos escândalos, investigação da Lava Jato, que é algo muito importante, mas acaba mexendo no cenário econômico, e o país patinou por todo o ano. Tivemos uma pauta muito negativa, com o presidente Temer defendendo exclusão de área de proteção da Amazônia, ministro sertanejo defendendo a privatização da Eletrobras e da Chesf, aumento de combustível, 68% de aumento de gás de cozinha, entre tantas outras coisas negativas. Mas, a gente fica imaginando que as coisas vão melhorar.
No balanço de suas ações de 2017, Rodrigo Novaes destaca a autoria do projeto de lei que criou a Lei Estadual Anticorrupção, sancionada pelo governador Paulo Câmara em 8 de janeiro deste ano.
Fiz o estatuto da Pessoa com Câncer, também fui o presidente da comissão. A relatora foi a deputada Priscila Krause, que também foi relatora da Lei Anticorrupção. Fui o relator da discussão sobre a reforma da previdência na Assembleia, onde tive a oportunidade de colocar a posição de Pernambuco, demonstrando as irregularidades. Fiz a Lei Anti-Calote, que é uma Lei que protege os trabalhadores. O que acontece é que, no final do contrato de empresas terceirizadas [com o setor público], normalmente, às vezes, o dono da empresa retém o dinheiro e deixa que os empregados vão questionar na Justiça do Trabalho [as verbas trabalhistas]. E, com essa Lei, a gente permitiu que o Estado retenha os valores para que possa ser passado diretamente aos trabalhadores. Coordenei a CPI das faculdades ilegais, onde a gente conseguiu desbaratar uma rede de faculdades ilegais em todo o Estado. Acho que essa foi uma das maiores ações que fiz como deputado. Instalei a Comissão Especial do Código Estadual de Defesa do Consumidor de Pernambuco, o primeiro do País. Apresentei o projeto de lei que visa democratizar o controle social sobre as entidades responsáveis pela gestão do futebol em Pernambuco. No futebol também existe muita corrupção, muita coisa errada, então, a gente criou o controle social, para que possa ter mais transparência na Federação [Pernambucana de Futebol], que seja prestada contas, que seja mais correta as coisas no futebol pernambucano. Teve o piso remuneratório dos advogados em Pernambuco, que foi uma luta nossa, junto com a OAB [Ordem dos Advogados de Pernambuco]. Conseguimos tirar do papel o piso salarial de dois mil reais'', frisou Rodrigo Novaes, anunciando que este ano atuará para instituir uma CPI que investigue o fechamento de agências do Banco do Brasil no Estado.
Ações em Petrolândia
Aqui em Petrolândia teve a ação [para a rede de abastecimento] da água do Bairro Nova Esperança, que foi uma luta nossa, junto com outros aí que também sonharam com isso. Mas a gente sabe a importância que teve a nossa interferência para que pudesse fazer aquela Audiência Pública, para que pudesse chamar a Compesa para que retomasse o projeto que estava há um ano engavetado aqui em Petrolândia. E a gente conseguiu com que a Compesa fizesse o projeto e depois asseguramos, junto com Dr. Roberto Tavares, os recursos junto ao governador, para que pudéssemos tirar do papel a obra de abastecimento do Bairro Nova Esperança. Com isso, vamos dar dignidade para mais de mil famílias. Em 2017, nesse ano que passou, colocamos uma ambulância de grande porte, de 130 mil reais, que está em tramitação, que a prefeita Jane vai ficar responsável de receber essa ambulância, através de uma emenda parlamentar nossa. Fizemos também em Petrolândia o Mutirão da Cidadania, com exames oftalmológicos, de próstata, entre outros. Retirada de documentos, também um mutirão importante. Pudemos doar uma balança de grande porte para os agricultores das agrovilas. Ela não está funcionando, porque o valor para instalar é maior do que o preço da própria balança. Foi uma emenda de 100 mil reais para comprar a balança, mas, quando foi para instalar, disseram que era 80 mil reais e eu não sabia disso. E a gente começou uma luta grande, junto ao governo do Estado, para que possa ser feita essa instalação. Eles pediram para que fosse realizado um projeto, esse projeto foi feito, já foi pra lá, e estamos aguardando. Mas, tenho certeza que neste ano essa balança vai ser instalada para beneficiar os produtores rurais das agrovilas.
Pleito de Unidade Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs) para Petrolândia
Temos lutado por coisas que as pessoas não sabem. Temos lutado por uma UPAE para Petrolândia, tenho conversado bastante sobre isso com o governador Paulo Câmara. A gente precisa criar uma Gerência Regional de Saúde para a região de Itaparica, para que a gente não fique dependendo de Serra Talhada. E a gente está lutando para que tenha essa Gerência Regional de Saúde aqui na região, a UPAE e a Escola Técnica. Conseguimos uma Escola Técnica, recentemente, para Belém do São Francisco, e a gente tem lutado também para conseguir uma para Petrolândia. Já recebi alguns dados e tenho certeza que a gente vai anunciar, em breve, uma Escola Técnica aqui para Petrolândia.
Ouvinte quis saber a opinião do deputado sobre o fechamento da Agência do INSS em Petrolândia.
A verdade é que Petrolândia tem porte para ter uma Agência do INSS moderna, a exemplo do que tem em outros municípios da região. Eu estive no INSS do Recife e o fato é que eles disseram que para alugar um imóvel (para instalar a agência do INSS em Petrolândia), custava 3 mil reais e eles tinham que pedir autorização ao Ministério do Planejamento, em Brasília. Quando terminou a reunião, liguei para Brasília e falei com o ministro Kassab, pedi para ele interferir sobre o caso o mais breve possível. Depois, liguei para o presidente do INSS em Brasília, pedindo para que ele tivesse uma solução. O chefe de gabinete dele me retornou, dizendo que o presidente do INSS já tinha autorizado, para que isso fosse feito o mais breve possível. E o fato é que desejamos que isso tenha uma solução o mais breve possível, porque não é justo que o povo de Petrolândia tenha que ir para Tacaratu para poder receber um atendimento básico na área da Previdência.
Lembramos que o deputado tem o nome especulado para ser o vice na chapa majoritária do governador Paulo Câmara
Eu me sinto muito orgulhoso, me envaidece muito o fato de ter o nome lembrado para integrar a chapa majoritária com o governador Paulo Câmara, que é uma pessoa que confio e que gosto muito. Ele é um camarada sereno, sério, direito, e que merece o nosso respeito. Mas, isso [indicação do candidato] passa por uma série de situações, tem as conjunturas dos partidos, é uma conjuntura que não dá para você articular imaginando que isso vai acontecer. O que eu estou fazendo é trabalhando para que a gente possa continuar como deputado estadual. E não quero continuar por continuar. Na hora que eu ver que não tenho mais nada a contribuir, eu saio, dou a vaga a outro, não tenho apego a isso não. Vou advogar, vou viver a minha vida. Mas, o que existe é que tem muito trabalho para ser feito, porque a gente sabe da importância de ter um representante no Sertão de Itaparica que tenha coragem, que tenha determinação e que goste de trabalhar. E eu me sinto muito à vontade para poder representar o povo sertanejo na Assembleia. Então, a gente vai continuar nessa luta, buscando a reeleição, para que a gente possa dar continuidade a esse nosso esforço, mesmo compreendendo que lá na frente, [é possível que], surja um projeto diferente. Mas, aí passa por interesse do partido, interesse da Frente Popular. Mas, também, a gente pode participar de alguma situação diferente, como a de candidato a deputado federal, que pode acontecer. Se André de Paula sair como candidato a senador, por exemplo, a gente pode vir a disputar a eleição de deputado federal. Só que isso não é algo que depende da gente, e o que não depende da gente, a gente não pode fazer essa articulação. Então, o que a gente está focado, determinado, é para nossa reeleição para a Assembleia Legislativa''.
Sobre o cenário político do Estado, nas eleições deste ano. Alfineta FBC e Fernando Filho.