O dia 02 de Novembro tem para os cristãos o título de “Comemoração de todos os fiéis defuntos”. É um dia no qual são intensificadas as orações pelos que já morreram. Seja como for, o dia de finados nos coloca diante de uma questão fundamental para a nossa existência: a questão da morte. Nosso modo de enfrentar a vida depende muito do modo como encaramos a morte e vice versa.
Há aqueles (e não são poucos) que cinicamente a ignoram. Vivem como se um dia não tivessem que morrer. Preocupam-se tão somente com esta vida: “Comamos e bebamos”! São pessoas que nunca pararam de verdade para se perguntar sobre o sentido da vida e, por isso mesmo, não vivem;sobrevivem apenas. Estas, quando tiverem que enfrentar a própria morte, que vazio, que absurdo encontrarão. Isto é triste porque quando o homem não pensa na morte, esquece que é finito, passageiro, fugaz.
Há aqueles que diante da morte se angustiam, apavoram-se. A morte os amedronta, parece-lhes uma insensatez, pois é a negação de todo o desejo de vida, de felicidade e de eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar frente a frente tão fria, tirana e poderosa adversária.
Mas há ainda um outro modo de encarar a morte tipicamente cristão. A morte existe sim! E dói! E machuca! Não somente existe, como também marca toda a nossa existência. Vivemos feridos por ela, em cada dor, em cada doença, em cada derrota, em cada medo, em cada tristeza. Não se pode fazer pouco caso dela. Ela nos magoa e nos ameaça, frustra nossas expectativas sem pedir permissão. Ela continua dolorosa. Ela nos desrespeita, mas se, no dia-a-dia aprendermos a vivenciar e valorizar cada sopro de vida, sobretudo diante das pequenas coisas, estaremos nos preparando melhor para o dia em que adormeceremos definitivamente.
Por tudo isso, o dia de finados é sempre ocasião excelente não somente para orar por nossos falecidos, mas também para pensarmos a nossa vida, pois “Tal vida, tal morte”!
Fernando Batista