Estudo ressalta a necessidade de repensar os critérios de avaliação dos exames de fundo de olho na triagem neonatal de todos os bebês com potencial exposição materna ao vírus
Um ano e meio após o início da emergência sanitária internacional de microcefalia relacionada à infecção congênita do vírus zika, uma nova pesquisa coordenada por especialistas da Fiocruz apontou que bebês nascidos de mães infectadas durante a gravidez podem ter lesões oculares graves mesmo que não apresentem outras sequelas relacionadas à doença, como a microcefalia. O estudo foi publicado na última segunda-feira (17) na renomada revista americana The Journal of the American Medical Association (JAMA), a partir de uma parceria com do Instituto Nacional da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) com a Universidade da Califórnia e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
As diretrizes atuais recomendam exames oculares em bebês com microcefalia, mas não inclui todas crianças potencialmente expostas ao vírus zika no útero. “Encontramos lesões significativas em crianças que não apresentavam microcefalia. Tratam-se de alterações graves e quanto mais precoce for o diagnóstico, mais cedo a criança pode ser submetida a uma intervenção para habilitação da visão. Com esses achados, ressaltamos a necessidade de repensar os critérios de avaliação, de forma a incluir o exame de fundo de olho na triagem neonatal de todos os bebês com potencial exposição materna ao vírus”, destacou a oftalmologista pediátrica do IFF/Fiocruz e autora do artigo, Andrea Zin.