Manifestantes bloquearam a BR-316 por cerca de uma hora na manhã deste
sexta-feira (Fotos: Assis Ramalho)
Em entrevista ao Blog de Assis Ramalho e à Web Rádio Petrolândia, Dr. João Lopes, médico e Diretor do IBVASF falou os motivos do manifesto e fez um desabafo: "o povo de Pernambuco não aceita esse tipo de retaliação". O áudio da entrevista vai ao ar na manhã deste sábado (06) no programa ''Acordando com as Notícias'', transmitido pela Web Rádio Petrolândia, apresentado por Assis Ramalho, de segunda a sábado, das 05h30 às 09h00.
Na manhã desta sexta-feira (05), a ponte de acesso ao município de Petrolândia, na BR-316, em Pernambuco, foi interditada por manifestantes, com a queima de pneus. A manifestação que bloqueou a rodovia durante aproximadamente uma hora, foi realizada em protesto contra o atraso no repasse de verbas do SUS ao Hospital e Maternidade do Instituto Beneficente do Vale do São Francisco (IBVASF), sediado em Petrolândia.
O protesto, organizado pela sociedade, funcionários do IBVASF, lideranças políticas e representantes de outros segmentos, teve início por volta das 9 horas, e términou pouco depois das 10 horas, após acordo entre equipe da Polícia Militar, comandada pelo Sgto PM Robson, da 4ª CIPM, e os líderes do movimento.
Após a liberação do trânsito na rodovia, os manifestantes seguiram em passeata, com cartazes e faixas, até o Mercado Público, no centro da cidade, local onde acontecia a feira livre semanal.
A direção do IBVASF anunciou nesta semana a suspensão provisória de atendimentos da entidade, sob a justificativa de não ter condições financeiras de manter o hospital em funcionamento com o atraso de quatro meses (setembro, outubro, novembro e dezembro/2015) de repasses de recursos por serviços realizados para o SUS. A instituição reclama da Secretaria de Saúde de Pernambuco os pagamentos atrasados e já formalizou denúncia ao MPPE.
A unidade filantrópica, referência nos Sertões de Itaparica e parte do Moxotó e São Francisco, oferece assistência médica para milhares de pessoas com a realização de cirurgias, partos, internamentos clínicos, internamentos pediátricos, mamografia, densitometria, raixo X e exames bioquímicos. Entre partos e cirurgias, são cerca de 300 procedimentos mensais. Tudo isso foi paralisado por falta de pagamento.
Dr. João Lopes, médico e diretor do IBVASF, concedeu entrevista à reportagem do Blog de Assis Ramalho e da
Web Rádio Petrolândia.
Pedimos que o médico fizesse um levantamento do manifesto que estava chegando ao fim, após haver acordo com a PM.
''Bom dia a você, Assis, e a todos os seus ouvintes e leitores. Primeiramente, eu gostaria de detalhar de como chegou a essa situação. O IBVASF, você sabe, ele é filantrópico, tem em média 60 funcionários e fez mais de dez mil cirurgias nestes seis, sete anos. Só nesse ano passado foram mais de duas mil cirurgias, cem internamentos clínicos, vinte pediátricos e cerca de 80 a 100 partos por mês. E hoje, para que você tenha uma ideia, os partos de Petrolândia, Inajá e região estão sendo tangidos a mais de 500 Km, para Palmares, Vitória de Santo Antão e Recife. Nós temos uma fila de mais de 500 cirurgias. Então, o Estado recebe o recurso do SUS, do Ministério da Saúde, e ele teria que repassar mensalmente ao IBVASF, que está há mais de quatro meses sem receber esses recursos. Nós sabemos que a portaria 2.617 diz que o Fundo Estadual de Saúde não pode passar mais de cinco dias sem repassar esse recurso para o Hospital, mas nós sabemos que Petrolândia fica na ponta do Estado, e a política, ela é cruel. Não é a toa que está todos esses escândalos aqui no Brasil, que é basicamente formada pela política, e aí eles não querem ver quem está na ponta. Eles ficam lá, na capital e na Região Metropolitana [do Recife]. Mas, aqui, o povo de Petrolândia, os funcionários do IBVASF, o povo de Inajá, de Ibimirim e de toda a região, também faz o seu manifesto de repúdio a esse tipo de politicagem na saúde das pessoas. Mas aqui, como fica lá na ponta, eles não veem isso e massacram o povo de Petrolândia, mas eles não baixam a cabeça e reclamam dos seus direitos.''
Sobre o acordo pacífico com a PM para o fim da manifestação
''Nós conversamos de forma bem civilizada com o Sargento Robson (4ª CIPM), porque, na verdade, não era para acontecer queima de pneus, mas era o povo na pista e os carros transitando em alta velocidade e, por isso, o pessoal chegou à conclusão que só paravam se fosse com pneus queimados no meio da pista, e assim foi feito. Mas o que nós dissemos ao sargento é que seria [um protesto de] uma hora, inclusive ele ficou de acionar os Bombeiros, porque neste momento está completando uma hora [de interditação da rodovia], foi atingido o objetivo da manifestação e, agora, nós vamos em direção ao centro da cidade para fazer o encerramento do manifesto, e depois cada um sai para as suas casas. Mas o objetivo foi atingido, que era o de dar uma boa visibilidade pela mídia que era o nosso objetivo."
Dr. João Lopes diz que o povo de Pernambuco não aceita esse tipo de retaliação por parte dos governantes
''O Estado de Pernambuco é um Estado que fez os grandes levantes no Brasil e ele não aceita dois pesos e duas medidas, pagar aos grandes e deixar os pequenos, pagar a quem está no litoral, na Região Metropolitana e deixar [de pagar] quem está aqui, na ponta. Então, Pernambuco e o povo de Pernambuco não aceitam esse tipo de retaliação.''
Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos; Assis Ramalho