Segundo o autor de Hambre, "consumir animais é um luxo: uma forma muito clara de concentração da riqueza. A carne é um estandarte e é uma mensagem: que este planeta só pode ser usado assim se bilhões de pessoas se resignarem a usá-lo muito menos. Se todos quiserem usá-lo igualmente não pode funcionar: a exclusão é condição necessária — e nunca suficiente".
Eis o artigo.
A carne se tornou, de repente, ainda mais fraca. Já era atacada por vários lados e agora, subitamente, veio o golpe ardiloso: causa câncer. Sabemos disso, tentamos ignorá-lo: viver causa muito câncer e essas vidas do século XXI produzem principalmente paranoicos, cidadãos tão satisfeitos com essas vidas, tão aborrecidos com essas vidas que vivem para preservá-las. Para tanto se entrincheiram em si mesmos — porque tudo o que vem de fora pode ser perigoso: fumaças, sais, açúcares, hidratos, gorduras, várias drogas, corpos estranhos ou mesmo conhecidos. E agora, claro, a carne cancerígena.