Ele nasceu no município de Salgueiro-PE, tem mais de 80 músicas gravadas por bandas de forró e por artistas consagrados como Dominguinhos, Maciel Melo, Adelmário Coelho, Joquinha Gonzaga, Geraldinho Lins, Claudinha Leite e Amelinha. Entre outras músicas consagradas, ele é autor de Bota Pegado Parea (Limão Com Mel), Vaqueiro Ruim que dói (Limão Com Mel) e De Janeiro a Janeiro (Claudia Leite). O apelido doceiro veio do ofício de entregar em várias cidades do Sertão os doces produzidos na fábrica de seu pai.
Em entrevista exclusiva ao Blog de Assis Ramalho e à Web Rádio Petrolândia, Zezito Doceiro contou detalhes de sua vitoriosa carreira de compositor. Confira.
Assis Ramalho: Pra gente começar esta entevista, primeiramente eu gostaria de saber o porquê do nome Zezito Doceiro.
Zezito Doceiro: Esse apelido foi porque o meu pai tinha uma fábrica de doce, e lá em casa somos oito irmãos homens e cinco mulheres. Mas quem despachava todo o comércio era eu. E aí nasceu o apelido de Zezito Doceiro.
Assis Ramalho: De onde veio o intuito de compor e cantar? Você se inspirou em algum cantor, em algum compositor, de onde veio a sua inspiração?
Zezito Doceiro; Essa minha inspiração pela música, eu acho que veio do meu pai, que era paraibano de Monteiro e a Paraíba é terra de poeta. Eu comecei a cantar desde criança, eu ía para a praça, fazia uma riminha aqui, uma riminha acolá, e foi até que saiu as primeira músicas.
Assis Ramalho: Hoje você tem dezenas de músicas de sucesso, cantadas por artistas famosos, por grandes bandas musicais, mas quem lhe descobriu, quem foi a banda que primeiro gravou suas músicas?
Zezito Doceiro: Foi a banda Limão com Mel, quando gravou Bota pegado parêa. Até então, a Limão com Mel ainda não tinha essa dimensão toda que tem hoje, e essa música foi a primeira (música de Zezito) gravada por Limão com Mel, e foi um estouro. A partir dali, o nome Zezito Doceiro também começou a ser conhecido pela mídia.
A pedido da nossa reportagem, ele, com o seu violão, cantou trechos da música que deu início à sua consagração, entrando no rol dos grandes compositores do Nordeste.
Assis Ramalho: Você se inspirou em quê para compor a música Bota Pegado Parea?
Zezito Doceiro: Essa música foi um radialista de Serra Talhada, chamado Carlos Pessoa, que fazia um programa 5 horas da manhã e (outro) 5 horas da tarde, e era com um filho dele. Ele era bom de poesia, mas no melhor da poesia, quando era pra fechar, ele esquecia a poesia e ele mesmo dizia em tom de brincadeira ''eita! locutor bugai!''. E, aí, eu comecei a pegar esses modos dele, que também gostava de dizer "bota pegado parea", "eu vi vaqueiro mais melado do que espinhaço de pão doce". E eu ouvindo, comecei a botar tudo isso na música e eu acho que foi a música mais fácil que eu fiz. Eu fiz essa música em meia hora.
Assis Ramalho: Passou pela sua cabeça, que uma música feita em tão pouco tempo iria fazer tanto sucesso?
Zezito Doceiro; Olha, assim que eu terminei de escrever a música, eu procurei Carlos Pessoa, em Serra Talhada, e eu já fui dizendo a ele "olha, fiz uma música que vai ser o maior estouro, cantada por Limão Com Mel". Disse isso porque a música tinha todos os ingrediêntes daquela época, que falava as coisas que aconteciam durante as vaquejadas.
Assis Ramalho: Inclusive, essa música ainda hoje é muito cantada nas vaquejadas, e muito regravada por cantores e bandas. Você tem ideia de quantos cantores e bandas já gravaram essa música?
Zezito Doceiro; Não, não tenho ideia. Mas, na época todas as bandas de forró tocavam ela.
Assis Ramalho: E depois desse sucesso, qual a próxima música a fazer sucesso?
Zezito Doceiro: Foi a música Vaqueiro Ruim Que Dói, também cantada por Limão Com Mel.
Assis Ramalho: Por que esse título, se aqui no Sertão tem muitos bons vaqueiros?
Zezito Doceiro: Essa música eu fiz sobre o meu ex-sogro. O meu ex-sogro, ele comprava o troféu pra correr vaquejada. Ele dizia em casa que ia para tal cidade correr vaquejada, sendo que nunca tinha derrubado uma vaca. Então, ele mesmo comprava o troféu e mandava gravar o seu nome, e depois chegava em casa com o troféu, onde tinha o nome dele gravado com a determinada colocação da vaquejada, sendo que nunca tinha derrubado uma vaca (risos).
Assis Ramalho: Como é o seu relacionamento com as bandas que tocam suas músicas, você tem empresário? Como é ressarcido financeiramente?
Zezito Doceiro: Eu não tenho empresário, eu tenho contrato com a Universal Music (maior grupo de gravadoras da indústria fonográfica do Brasil), há 22 anos que eu tenho contrato com ela. E quando eu fiz 'De Janeiro a Janeiro' Claudinha Leitte, que também era da Universal Music, gravou essa música duas vezes, quando estava no (grupo musical) Babado Novo e depois gravou solo. Ela fez sucesso em um show com essa música no Rio de Janeiro com mais de duas milhões de pessoas.
Assis Ramalho: Grandes cantores gravaram músicas sua, inclusive Dominguinhos, Amelinha...
Zezito Doceiro: Teve uma vez que Dominguinhos chegou em Floresta, onde eu trabalhava na época, para fazer um show e disse para o seu motorista ''Vai ver se Zezito Doceiro não está tomando uma, e traz ele aqui (ao hotel onde repousava). E eu fui, e era para eu mostrar uma música que eu tinha feito, e que ele gostava. Eu sempre fui fã dele, aliás, ainda sou. Já sobre Amelinha, ela também gravou 'De Janeiro a Janeiro' , mas eu não conheço ela pessoalmente, porque ela pegou a música na editora (Universal Music).
Assis Ramalho: Você tem ideia de quantos cantores, quantas bandas já gravaram suas músicas?
Zezito Doceiro: Não tenho, mas são muitas.
Assis Ramalho: Neste mundo de pirataria, de desonestidade, você não se sente prejudicado, porque suas músicas são muitos tocadas, mas talvez você não receba tudo a que tem direito. Pelo menos a Ecad lhe paga direito?
Zezito Doceiro; A Ecard me paga, todos os dia 28 do mês eu recebo. Mas, sobre a sua pergunta, eu não tenho dúvidas de que todos os dias eu sou assaltado, porque se não fosse toda essa pirataria a gente estava se dando melhor.
Assis Ramalho: Qual o seu ídolo na infância, aquele cantor que você admirava, que comprava os seus discos, enfim, você se inspirava em quem, na sua infância e adolescência?
Zezito Doceiro; Quando Gonzaga (Luiz Gonzaga) morreu eu chorei uma semana, porque eu escutava ele desde criancinha. Gonzagão foi um exemplo, tanto é que se você observar, em todas as minhas músicas que eu fiz, você não vai ver nenhuma que tenha baixo calão. Isso por que eu me espelhei em Luiz Gonzaga, e ele foi o meu grande ídolo.
Assis Ramalho: Tem chateação, tem decepção no meio desta profissão?
Zezito Doceiro: Aviões do Forró lançou no domingo retrasado, no programa do Faustão (Rede Globo), o CD e DVD de dez anos, e eu fiz uma música que tocou forte, fez muito sucesso durante mais de dois anos e essa música não foi incluida. Então, eu não entendi o porquê uma música que passou tanto tempo abrindo e fechando show, não é incluída nos dez anos de CD e DVD.
Assis Ramalho: De onde vem a sua inspiração de compor? Você compõe através de algo que acontece no momento, ou você se programa para compor uma música?
Zezito Doceiro: Eu acho que é tudo isso que você disse. Eu componho história minha, história dos outros, de um amigo que conta, e eu vou ouvindo e captando tudo, colocando a ideia na cabeça e, daí, nasce uma música.
Assis Ramalho: Você também fez uma composição e cantou para o Lula e a Dilma quando os dois estiveram fazendo visita às obras da transposição, verdade?
Zezito Doceiro: É verdade, eu estive com Dilma e Lula (em Salgueiro/PE), quando eles vieram aqui visitar a Transposição. E na oportunidade estava eu, Maciel Melo e Petrúcio Amorim, e aí eu cantei uma música para o Lula, que fala da Transposição.
A pedido da nossa reportagem, ele, com o seu violão, cantou trechos da música que fala da transposição do São Francisco (veja vídeo abaixo)
Assis Ramalho: Zezito, muito obrigado por essa reportagem, parabéns pelo sucesso do seu trabalho, pelo que você representa para a música do nosso Sertão, e já que você disse ser fã de Luiz Gonzaga, eu diria que você é o nosso gonzagão da região. Obrigado!
Zezito Doceiro: Ave Maria! Agora você jogou muita responsabilidade em minhas costas (risos). Eu é que agradeço à Web Rádio Petrolândia, e ao seu blog (Blog de Assis Ramalho) pela entrevista. Até a próxima!
A entrevista completa vai ao ar, na íntegra, nesta terça-feira (11) no programa Acordando com as Notícias, apresentado por Assis Ramalho de segunda a sábado das 5h30 as 8h30 da manhã, transmitido pela Web Rádio Petrolândia.
Ver fotos>Zezito Doceiro em entrevista a Assis Ramalho
Assista ao vídeo de Zezito Doceiro cantando para Lula, Dilma e Eduardo Campos
Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Reinaldo Souza
Assis Ramalho: Pra gente começar esta entevista, primeiramente eu gostaria de saber o porquê do nome Zezito Doceiro.
Assis Ramalho: De onde veio o intuito de compor e cantar? Você se inspirou em algum cantor, em algum compositor, de onde veio a sua inspiração?
Assis Ramalho: Hoje você tem dezenas de músicas de sucesso, cantadas por artistas famosos, por grandes bandas musicais, mas quem lhe descobriu, quem foi a banda que primeiro gravou suas músicas?
Zezito Doceiro: Foi a banda Limão com Mel, quando gravou Bota pegado parêa. Até então, a Limão com Mel ainda não tinha essa dimensão toda que tem hoje, e essa música foi a primeira (música de Zezito) gravada por Limão com Mel, e foi um estouro. A partir dali, o nome Zezito Doceiro também começou a ser conhecido pela mídia.
A pedido da nossa reportagem, ele, com o seu violão, cantou trechos da música que deu início à sua consagração, entrando no rol dos grandes compositores do Nordeste.
Assis Ramalho: Você se inspirou em quê para compor a música Bota Pegado Parea?
Zezito Doceiro: Essa música foi um radialista de Serra Talhada, chamado Carlos Pessoa, que fazia um programa 5 horas da manhã e (outro) 5 horas da tarde, e era com um filho dele. Ele era bom de poesia, mas no melhor da poesia, quando era pra fechar, ele esquecia a poesia e ele mesmo dizia em tom de brincadeira ''eita! locutor bugai!''. E, aí, eu comecei a pegar esses modos dele, que também gostava de dizer "bota pegado parea", "eu vi vaqueiro mais melado do que espinhaço de pão doce". E eu ouvindo, comecei a botar tudo isso na música e eu acho que foi a música mais fácil que eu fiz. Eu fiz essa música em meia hora.
Assis Ramalho: Passou pela sua cabeça, que uma música feita em tão pouco tempo iria fazer tanto sucesso?
Assis Ramalho: Inclusive, essa música ainda hoje é muito cantada nas vaquejadas, e muito regravada por cantores e bandas. Você tem ideia de quantos cantores e bandas já gravaram essa música?
Zezito Doceiro; Não, não tenho ideia. Mas, na época todas as bandas de forró tocavam ela.
Assis Ramalho: E depois desse sucesso, qual a próxima música a fazer sucesso?
Zezito Doceiro: Foi a música Vaqueiro Ruim Que Dói, também cantada por Limão Com Mel.
Assis Ramalho: Por que esse título, se aqui no Sertão tem muitos bons vaqueiros?
Zezito Doceiro: Essa música eu fiz sobre o meu ex-sogro. O meu ex-sogro, ele comprava o troféu pra correr vaquejada. Ele dizia em casa que ia para tal cidade correr vaquejada, sendo que nunca tinha derrubado uma vaca. Então, ele mesmo comprava o troféu e mandava gravar o seu nome, e depois chegava em casa com o troféu, onde tinha o nome dele gravado com a determinada colocação da vaquejada, sendo que nunca tinha derrubado uma vaca (risos).
Assis Ramalho: Como é o seu relacionamento com as bandas que tocam suas músicas, você tem empresário? Como é ressarcido financeiramente?
Zezito Doceiro: Eu não tenho empresário, eu tenho contrato com a Universal Music (maior grupo de gravadoras da indústria fonográfica do Brasil), há 22 anos que eu tenho contrato com ela. E quando eu fiz 'De Janeiro a Janeiro' Claudinha Leitte, que também era da Universal Music, gravou essa música duas vezes, quando estava no (grupo musical) Babado Novo e depois gravou solo. Ela fez sucesso em um show com essa música no Rio de Janeiro com mais de duas milhões de pessoas.
Assis Ramalho: Grandes cantores gravaram músicas sua, inclusive Dominguinhos, Amelinha...
Zezito Doceiro: Teve uma vez que Dominguinhos chegou em Floresta, onde eu trabalhava na época, para fazer um show e disse para o seu motorista ''Vai ver se Zezito Doceiro não está tomando uma, e traz ele aqui (ao hotel onde repousava). E eu fui, e era para eu mostrar uma música que eu tinha feito, e que ele gostava. Eu sempre fui fã dele, aliás, ainda sou. Já sobre Amelinha, ela também gravou 'De Janeiro a Janeiro' , mas eu não conheço ela pessoalmente, porque ela pegou a música na editora (Universal Music).
Assis Ramalho: Você tem ideia de quantos cantores, quantas bandas já gravaram suas músicas?
Zezito Doceiro: Não tenho, mas são muitas.
Assis Ramalho: Neste mundo de pirataria, de desonestidade, você não se sente prejudicado, porque suas músicas são muitos tocadas, mas talvez você não receba tudo a que tem direito. Pelo menos a Ecad lhe paga direito?
Zezito Doceiro; A Ecard me paga, todos os dia 28 do mês eu recebo. Mas, sobre a sua pergunta, eu não tenho dúvidas de que todos os dias eu sou assaltado, porque se não fosse toda essa pirataria a gente estava se dando melhor.
Assis Ramalho: Qual o seu ídolo na infância, aquele cantor que você admirava, que comprava os seus discos, enfim, você se inspirava em quem, na sua infância e adolescência?
Assis Ramalho: Tem chateação, tem decepção no meio desta profissão?
Zezito Doceiro: Aviões do Forró lançou no domingo retrasado, no programa do Faustão (Rede Globo), o CD e DVD de dez anos, e eu fiz uma música que tocou forte, fez muito sucesso durante mais de dois anos e essa música não foi incluida. Então, eu não entendi o porquê uma música que passou tanto tempo abrindo e fechando show, não é incluída nos dez anos de CD e DVD.
Assis Ramalho: De onde vem a sua inspiração de compor? Você compõe através de algo que acontece no momento, ou você se programa para compor uma música?
Zezito Doceiro: Eu acho que é tudo isso que você disse. Eu componho história minha, história dos outros, de um amigo que conta, e eu vou ouvindo e captando tudo, colocando a ideia na cabeça e, daí, nasce uma música.
Assis Ramalho: Você também fez uma composição e cantou para o Lula e a Dilma quando os dois estiveram fazendo visita às obras da transposição, verdade?
Zezito Doceiro: É verdade, eu estive com Dilma e Lula (em Salgueiro/PE), quando eles vieram aqui visitar a Transposição. E na oportunidade estava eu, Maciel Melo e Petrúcio Amorim, e aí eu cantei uma música para o Lula, que fala da Transposição.
A pedido da nossa reportagem, ele, com o seu violão, cantou trechos da música que fala da transposição do São Francisco (veja vídeo abaixo)
Assis Ramalho: Zezito, muito obrigado por essa reportagem, parabéns pelo sucesso do seu trabalho, pelo que você representa para a música do nosso Sertão, e já que você disse ser fã de Luiz Gonzaga, eu diria que você é o nosso gonzagão da região. Obrigado!
Zezito Doceiro: Ave Maria! Agora você jogou muita responsabilidade em minhas costas (risos). Eu é que agradeço à Web Rádio Petrolândia, e ao seu blog (Blog de Assis Ramalho) pela entrevista. Até a próxima!
A entrevista completa vai ao ar, na íntegra, nesta terça-feira (11) no programa Acordando com as Notícias, apresentado por Assis Ramalho de segunda a sábado das 5h30 as 8h30 da manhã, transmitido pela Web Rádio Petrolândia.
Ver fotos>Zezito Doceiro em entrevista a Assis Ramalho
Fotos: Reinaldo Souza