Uma das orientações dadas pelo Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs) aos produtores de perímetros irrigados que são prejudicados pelos efeitos da seca é buscar linhas de crédito. Essa solução, no entanto, não tem sido efetiva para os produtores do perímetro irrigado Curu-Paraipaba, no estado do Ceará, a 90 quilômetros da capital. A presidenta da Associação do Distrito de Irrigação Curu-Paraipaba (ADICP), Socorro Barbosa, disse hoje (29) que por não serem proprietários dos lotes, os produtores têm dificuldades para conseguir empréstimos. Além da demora na análise de crédito, o valor máximo disponibilizado é considerado pouco para a retomada da produção.
O Banco do Nordeste tem linhas de crédito específicas para produtores que atuam em perímetros irrigados. Os recursos são oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Segundo o gerente do ambiente de negócios com mini e pequenos produtores rurais, Haílton Fortes, a concessão de empréstimos com recursos do FNE ocorrem após uma análise que envolve aspectos técnicos e também ambientais.
“Nos perímetros irrigados, é analisado principalmente a disponibilidade e a autorização para o uso da água. Sabemos que o Nordeste passa por um longo período de estiagem, então, em cada projeto apresentado, é verificado pontualmente essa questão. Existem linhas de investimento que podem ser usadas para outros casos, como a perfuração de poços, mas sempre atendendo a exigências legais e ambientais. Estamos sensibilizados com esse momento por que passam nossos conterrâneos e o banco procura dar celeridade no atendimento a essas demandas", disse.
Segundo o diretor de produção do Dnocs, Laucimar Loiola, no passado, a divisão das áreas dos perímetros irrigados era feita como uma espécie de reforma agrária, destinando os lotes para famílias de produtores. Atualmente, as áreas são licitadas. O diretor explica que os editais especificam se a ocupação dos lotes será por escritura (envolvendo o pagamento do valor integral do lote) ou por Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), que funciona como uma espécie de financiamento, pago em parcelas. Conforme ele, os produtores com CDRUs são os que mais encontram dificuldades na hora de solicitar linhas de crédito pelo fato de alguns bancos não aceitarem esse título como garantia.