Manifestações de junho de 2013 deram com os burros nas urnas.
Eis o artigo.
A conjuntura é paradoxal.
Por um lado, se tem a indignação crescente com os serviços públicos, o custo da moradia, o transporte, a falta de água, além de uma descrença generalizada ante o sistema político de partidos que, no Brasil, mistura oligarquias, mídias e famílias de políticos de todas as bandeiras. Tem surgido uma cidadania à quente, de alta intensidade, contra a casta, uma cidadania insurgente que foi às ruas em 2013, e que segue ativada em diferentes redes e espaços. A vontade é de participação e o desejo, difuso de mudança.
Em 2015, é provável que os indignados vão aumentar em número e na intensidade das demandas. Basta pensar na incapacidade dos governos de enfrentar a crise do Petrolão (corrupção sistêmica), do transporte e moradia (crise da cidade), da água (crise ambiental), da economia (ajuste antipopular), entre outras.
Por outro lado, se tem um momento de dispersão e fragmentação dos movimentos de luta. Por todo fronte parecem voltados a si mesmos, numa autofagia que, no final das contas, é desmobilizadora. Em 2014, os movimentos e ativistas expusemos fragilidades demais, em três momentos críticos: ao se defrontar com a repressão renovada, na Copa do Mundo e finalmente nas eleições.