Nesse embalo, fiquei imaginando a decepção da repórter de um grande veículo de comunicação quando, ao fazer uma reportagem sobre o calor no Rio no último final de semana, recebeu da meteorologista entrevistada a notícia de que, devido a baixa umidade relativa do ar, a sensação térmica do dia seria a mesma da temperatura: 39 graus. Por sorte do jornal e azar do leitor, no dia seguinte o mesmo site (re)noticiava que a sensação térmica da véspera fora de 48 graus. Recorde do ano! Sensacional, praias lotadas, jornais vendendo e pessoas perdidas em meio a tanta desinformação.
Apesar de avançarmos a passos largos na Era da Informação, parece que estamos nos distanciando na mesma velocidade da Era do Conhecimento.
Em primeiro lugar, o que são as medidas de temperatura divulgadas pelos diversos cards e apps de previsão do tempo embutidos em nosso smartphones (muitas vezes duvidosas e sempre discordante entre eles)? Referem-se a médias de temperaturas coletadas em estações meteorológicas e inseridas em modelos climáticos. Sem entrar em consideração sobre a adequação de tais modelos, que certamente estão cada vez mais precisos, sabemos que, como toda medida de tendência central, uma média não apresenta boas informações sobre valores extremos. Ou seja, o interior das nossas casas ou dos ônibus em que andamos apresentarão temperaturas sensivelmente diferentes daquelas captadas nas abrigadas estações meteorológicas.