“A nossa tradição de acolhida dos imigrantes nos trouxe enormes vantagens, fez de nós uma nação dinâmica, jovem, empreendedora”. Começa assim o discurso de Barack Obama que passará à história como pedra milhar de sua presidência, mudará a vida de cinco milhões de imigrantes, e abre subitamente um conflito político duríssimo com a direita, destinado a condicionar a eleição presidencial de 2016.
A reportagem é de Federico Rampini, publicada pelo jornal
La Repubblica, 21-11-2014.
Obama enfrenta “aquilo que não funciona no nosso sistema atual: milhões de imigrantes sem documentos legais de residência são frustrados, são constrangidos a viver na sombra, também se querem desesperadamente respeitar as leis deste país”. Acusa os republicanos de ter bloqueado na Câmara uma reforma que já havia passado no Senado, e teria introduzido “correntes de regularização através do pagamento de multas”.
Visto que o Congresso não foi capaz de intervir num problema tão importante, o presidente elenca as três ações que desencadeia usando os próprios poderes executivos. Primeiro: reforçar os controles nas fronteiras, que já nos últimos anos, sob esta administração, reduziram significativamente os afluxos ilegais. Segundo: tornar mais fácil e mais veloz a concessão de apostos vistos “para imigrantes de alta qualificação”. Terceiro: resolver o problema dos imigrantes irregulares que já estão aqui: “expulsar e repatriar os criminosos, os membros de gangues”. Não seria “nem realista, nem justo”, ao invés, “deportar aqueles milhões de estrangeiros que trabalham duro há anos, e muitos dos quais têm filhos nascidos aqui”.
É esta última categoria, muito vasta, o objeto da ação presidencial mais importante e de graves consequências: “Se estais aqui há mais de cinco anos – diz o presidente – e em particular se tendes filhos nascidos na América, podeis sair a descoberto, inscrever-vos em listas disponíveis, pagar os tributos legais, e permanecer aqui temporariamente”.