Os candidatos à presidência Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) duelaram, na noite de sexta-feira, no último debate antes do segundo turno das eleições.
Durante e depois do programa organizado pela Rede Globo, o jornal Zero Hora do RS conferiu as declarações feitas pelos dois concorrentes. A reportagem faz parte da série
É Isso Mesmo?, lançada por ZH em 1º de setembro com a intenção de confrontar declarações dos candidatos ao Palácio do Planalto com dados oficiais. Confira abaixo:
É isso mesmo?
AÉCIO NEVES
"Temos uma taxa de investimentos de 16% do PIB, a pior da década."
O percentual citado pelo senador está arredondado, mas muito próximo do real. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "a taxa de investimento no segundo trimestre de 2014 foi de 16,5% do PIB, inferior à taxa observada em igual período do ano anterior (18,1%)".
Conforme reportagem da Agência Brasil e as informações do IBGE, foi o pior resultado para o segundo trimestre desde 2006, quando ficou em 16,4% do PIB. Assim, a taxa atual é a mais baixa desta década _ desde que se entenda a década como o período iniciado em 2011, e não os últimos 10 anos.
DILMA ROUSSEFF
"Nos últimos 10 anos, nós mantivemos a inflação dentro dos limites da meta. Quem não mantinha a inflação dentro dos limites, era o governo Fernando Henrique."
Quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou a Presidência da República, em 2002, a inflação estava em 12,53%, acima da meta de 3,5% com limite de até 5,5%. No primeiro ano do governo Lula (PT), a inflação de 9,3% se manteve acima da meta ajustada, de 8,5%. Desde 2004, a inflação do país ficou dentro do limite da meta. Neste ano, apesar de o índice estar em 6,75% no período de 12 meses encerrado em setembro (outubro de 2013 a setembro de 2014), a expectativa do mercado financeiro é que 2014 feche com inflação bastante próxima de 6,5% — no teto da meta.
AÉCIO NEVES
"Eu governei Minas Gerais e levei (o Estado) a ter a melhor Educação Fundamental do Brasil."
Aécio Neves foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010. Um dos indicadores mais abrangentes utilizados para avaliar a educação no país é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que leva em conta o desempenho dos alunos em exames padronizados e taxas de aprovação.
Segundo o Ideb de 2009 (ele é calculado a cada dois anos), Minas Gerais ocupava o primeiro lugar do ranking nacional de todos os sistemas de ensino nas séries iniciais (até a 4ª série/5º ano), com média de 5,6, ao lado do Distrito Federal. Quando se analisam as séries finais (até 8ª série/9º ano), porém, Minas cai para a terceira posição com nota 4,3. São Paulo e Santa Catarina ficam em primeiro, com 4,5, e o Distrito Federal aparece em segundo, com 4,4.
Levando-se em conta apenas a rede estadual, Minas também ficou em primeiro nas séries iniciais, e na terceira posição nas séries finais do Ensino Fundamental em 2009.
DILMA ROUSSEFF
"O senhor concorda com seu candidato a ministro da Fazenda (Armínio Fraga) de que o salário mínimo está alto demais?"
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo em abril deste ano, o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga disse que "o salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos" e que "mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade". Porém, após acusação de Dilma de que o coordenador econômico da campanha de Aécio quer "diminuir" o salário mínimo, Fraga disse que a presidente está "mal informada".
— Defendo que qualquer política econômica digna do nome tem que ter por objetivo aumentar o salário e a renda das pessoas, especialmente os mais pobres, que se beneficiam de aumentos reais no salário mínimo — defendeu ementrevista ao portal Terra.
Em nota, o nomeado ministro da Fazenda por Aécio ainda afirmou que "há muito espaço para os salários crescerem", mas que, para isso, "a economia precisa crescer, o que não vem ocorrendo".
AÉCIO NEVES
"Quem derrubou o fim do fator previdenciário foi o Lula, porque vetou projeto que acabava com ele."
O site do Senado informa: "A medida (fator previdenciário), que está em vigor, foi, no entanto, derrubada no Senado por projeto de lei (PLS 296/03) de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), aprovado em abril de 2008, que tramita na Câmara dos Deputados. Foi também extinta pelo Projeto de Lei de Conversão (PLV) 2/10, aprovado pela Câmara e o Senado em maio de 2010, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou essa parte do projeto, mantendo, portanto, o Fator Previdenciário."