"As reuniões de trabalho e sociais foram reduzidas a um mínimo. As únicas das quais participo são as realizadas quinzenalmente na sede da força de paz da ONU na Libéria, ocasião na qual o corpo diplomático é informado e consultado sobre diversos aspectos do esforço de combate à epidemia", disse à BBC Brasil, por e-mail, o embaixador brasileiro no país, André Luis Azevedo dos Santos, que mora na capital Monróvia.
A reportagem é de Paula Adamo Idoeta, publicada por BBC Brasil, 27-08-2014.
"Não mais abraçamos ou apertamos as mãos das pessoas que encontramos, o cheiro de cloro (usado para desinfecção das mãos) é onipresente e lavamos as mãos dezenas de vezes por dia. Estou aqui com a minha mulher e nossa rotina doméstica foi sendo afetada gradualmente: fechamento da academia de ginástica onde nos exercitávamos; interrupção do consumo de algumas frutas (não mais disponíveis nos mercados de rua); redução do número de idas a supermercados e demais recintos públicos."
A situação é ainda mais grave no interior do país, diz Santos, onde muitas pessoas não acreditam que se trate de uma epidemia - acham que sua água foi envenenada ou que são vítimas de um feitiço - onde muitas famílias se recusam a entregar os corpos de seus mortos às autoridades, para que possam realizar funerais segundo sua tradição.