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Rodovia PE-300 (Foto: JC Online) |
A morte anda paralela às estradas de Pernambuco. Confunde-se com elas. Está presente em toda parte, simbolizada por cruzes espalhadas ao longo das rodovias, especialmente nas estaduais. As marcas são muitas. Assustam pela quantidade. Retratam as vidas perdidas no caminho. A PE-300 se destaca. É a rodovia da morte. Seus 76 quilômetros, entre Águas Belas e Inajá, no Sertão do Moxotó de Pernambuco, são marcados por 43 cruzes. Na frieza dos números, há uma cruz a cada 1,7 quilômetro. Ou seja, uma vida, em alguns casos mais de uma, arrancada a cada trecho de menos de dois quilômetros.
Muitas das cruzes simbolizam mortos em acidentes com animais soltos, um temor real para quem vive no interior, mas que ainda é visto como fatalidade pela maioria. Quem perde pessoas queridas na estrada sofre. Os vícios e erros de construção da PE-300 também alimentam a estrada da morte. Estão presentes em suas curvas. A construção da rodovia, aliás, é uma sequência de problemas, tão extensa quanto o número de cruzes às suas margens. Erros foram apontados numa investigação do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) há cinco anos, mas permanecem sem previsão de julgamento e, muito menos, de punição.
A PE-300 não é a única rodovia da morte. Elas são muitas. A PE-300 incomoda pela quantidade de cruzes, mas outras estradas de Pernambuco têm muitas marcas de dor, de vidas perdidas. A PE-320, que liga São José do Egito a Serra Talhada, passando por Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, levou a vida de cinco pessoas de uma só vez. No local do violento acidente, cinco cruzes foram deixadas. As condições da PE-320 eram e continuam péssimas. Cheia de buracos, sem sinalização e desprovida de acostamento.
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