Assis Ramalho e Magno Martins (Fotos: Júnior Finfa) |
Locutora Hislaine Menezes, Assis Ramalho e Magno Martins |
O Blog de Assis Ramalho parabeniza Magno Martins, jornalista e escritor, editor do Blog do Magno Martins, que comemora mais um ano de vida nesta sexta-feira, 23 de agosto. No seu Blog, marcando a data, Magno publicou a crônica "A juventude dos velhos", abaixo reproduzida.
A juventude dos velhos
No belíssimo bolo dos 90 anos do meu pai, no ano passado, cravamos uma frase dele que nunca esqueço: 'Não estou mais velho, estou um ano mais jovem que o ano que vem'.
Papai é o mais jovem da família. A velhice nunca bate à sua porta. Queria ser assim, mas sou daqueles que acham que cada idade tem os seus humores, os seus gostos, os seus prazeres.
E, como a nossa pele, a cada ano novo comemorado os nossos desejos vão se embranquecendo. Gostaria de ganhar o pão como cronista, mas tive que recorrer ao jornalismo para sobreviver.
Adoro crônicas. As faço como se estivesse compondo uma melodia, uma sinfonia suave aos seus ouvidos como as de Beethoven. A política, exercício diário da minha labuta jornalística, é insípida, não inspira.
Marcus Cícero disse que os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons. Ao completar, hoje, 55 luas, fico mais convencido de que a infância é a idade das interrogações, a juventude a das afirmações e a velhice a das negações.
Não existe idade. A gente é que cria. Se você não acredita na idade, não envelhece até o dia da morte. A idade não depende dos anos, mas sim do temperamento e da saúde. Umas pessoas já nascem velhas, outras jamais envelhecem, como o meu pai.
Eu também não envelheço porque corre em mim o sangue da eterna juventude. A cada ano mais experiente, minhas veias distribuem o elixir da beleza. Nunca tive outra idade senão a do coração.
Solto minhas amarras. Por isso, sou feliz. Daqui a alguns anos, quando estarei repicando mais uma crônica, posso estar mais arrependido pelas coisas que não fiz do que mesmo pelas que fiz, porque sei agarrar o vento em minhas velas, sonhar e descobrir os portos seguros.
Vi em algum lugar que aniversário é uma festa para se lembrar do que resta. E o que resta a um cinquentão e meio com calibre de 40? Tudo, porque, como diz uma música de Zeca Pagodinho, eu deixo a vida me levar.
Concordo, assim, plenamente com Martinho Lutero: 'Quem não for belo aos 20 anos, forte aos 30, esperto aos 40 e rico aos 50, não pode esperar ser tudo isso depois'.
Recorro também a Fernando Pessoa:
Não importa se a estação do ano muda...
Se o século vira, se o milênio é outro.
Se a idade aumenta...
Conserva a vontade de viver,
Não se chega à parte alguma sem ela.
E, por, fim, Mário Quintana:
'O tempo que tudo transforma, transforma também o nosso temperamento. Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos. Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Esta idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa'.
Victor Hugo diz que o homem passa por três idades: a tolice da juventude, a luta da idade madura e os remorsos da velhice.
Prefiro a creditar na filosofia de que quarenta anos é a velhice dos jovens; cinquenta e cinco anos, a juventude dos velhos.
Escrito por Magno Martins
Papai é o mais jovem da família. A velhice nunca bate à sua porta. Queria ser assim, mas sou daqueles que acham que cada idade tem os seus humores, os seus gostos, os seus prazeres.
E, como a nossa pele, a cada ano novo comemorado os nossos desejos vão se embranquecendo. Gostaria de ganhar o pão como cronista, mas tive que recorrer ao jornalismo para sobreviver.
Adoro crônicas. As faço como se estivesse compondo uma melodia, uma sinfonia suave aos seus ouvidos como as de Beethoven. A política, exercício diário da minha labuta jornalística, é insípida, não inspira.
Marcus Cícero disse que os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons. Ao completar, hoje, 55 luas, fico mais convencido de que a infância é a idade das interrogações, a juventude a das afirmações e a velhice a das negações.
Não existe idade. A gente é que cria. Se você não acredita na idade, não envelhece até o dia da morte. A idade não depende dos anos, mas sim do temperamento e da saúde. Umas pessoas já nascem velhas, outras jamais envelhecem, como o meu pai.
Eu também não envelheço porque corre em mim o sangue da eterna juventude. A cada ano mais experiente, minhas veias distribuem o elixir da beleza. Nunca tive outra idade senão a do coração.
Solto minhas amarras. Por isso, sou feliz. Daqui a alguns anos, quando estarei repicando mais uma crônica, posso estar mais arrependido pelas coisas que não fiz do que mesmo pelas que fiz, porque sei agarrar o vento em minhas velas, sonhar e descobrir os portos seguros.
Vi em algum lugar que aniversário é uma festa para se lembrar do que resta. E o que resta a um cinquentão e meio com calibre de 40? Tudo, porque, como diz uma música de Zeca Pagodinho, eu deixo a vida me levar.
Concordo, assim, plenamente com Martinho Lutero: 'Quem não for belo aos 20 anos, forte aos 30, esperto aos 40 e rico aos 50, não pode esperar ser tudo isso depois'.
Recorro também a Fernando Pessoa:
Não importa se a estação do ano muda...
Se o século vira, se o milênio é outro.
Se a idade aumenta...
Conserva a vontade de viver,
Não se chega à parte alguma sem ela.
E, por, fim, Mário Quintana:
'O tempo que tudo transforma, transforma também o nosso temperamento. Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos. Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Esta idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa'.
Victor Hugo diz que o homem passa por três idades: a tolice da juventude, a luta da idade madura e os remorsos da velhice.
Prefiro a creditar na filosofia de que quarenta anos é a velhice dos jovens; cinquenta e cinco anos, a juventude dos velhos.
Escrito por Magno Martins
Fonte: Blog do Magno Martins
Foto: Júnior Finfa
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