"Continuamos aferrados a velhas e falsas tentativas de solução - como a transposição de águas do Rio São Francisco - para esse tipo de problema e o de seca, como a que aflige hoje o Nordeste". O comentário é de Washington Novaes, jornalista e ambientalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, 02-08-2013.
Eis o artigo.
Parece surreal. No dia 27 último, a seção de Esportes deste jornal informava que a nadadora brasileira Poliana Okimoto - que ganhara no Mundial de Barcelona medalha de ouro na maratona aquática de dez quilômetros, além de medalha de prata nos cinco quilômetros e de bronze por equipes - substituiu em sua dieta vários alimentos (glúten, açúcar, feijão, abacate, fermento e chocolate) por tapioca, que lhe dá "energia redobrada". Dois dias antes o IBGE informara que a produção brasileira de mandioca (de onde vem a tapioca) este ano, 21,4 milhões de toneladas, está 8,4% menor que a do ano passado, quando já havia sido 24,5% menor que a de 2011. Nas lonjuras, o falecido pesquisador Paulo de Tarso Alvim deve estar balançando a cabeça, ele que afirmava, ironicamente, que "se mandioca fosse norte-americana o mundo estaria comendo tapioca flakes e mandioca puffs". Mas esse alimento, o mais adequado para solos brasileiros - não precisa de fertilizantes nem de agrotóxicos - vem perdendo progressivamente espaço para as culturas de grãos exportáveis, além de ter sido muito atingido no Nordeste por problemas climáticos.