Sérgio Xavier, Secretário de Meio Ambiente do estado de
Pernambuco em entrevista a Assis Ramalho
Um banco de sementes crioulas para preservar e disseminar a agrobiodiversidade genética do acervo de conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e quilombolas de Pernambuco. A iniciativa, anunciada pelo secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier, em reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente - Consema, é uma das ações do Programa Caatinga Sustentável, voltado para incentivar o desenvolvimento de comunidades vizinhas às Unidades de Conservação do Semiárido. O programa já tem alocado cerca de R$ 1 milhão somente para os povos e comunidades tradicionais da região.
Pela primeira vez Pernambuco realiza ações exclusivamente dedicadas a estes povos, com o compromisso de não apenas fortalecer a preservação de seu saber ancestral, mas também apoiar o seu desenvolvimento, uma vez que eles têm muito a nos ensinar em termos de práticas sustentáveis e de conservação dos recursos naturais, destaca o secretário Sérgio Xavier.
Das 157 comunidades quilombolas registradas no Estado até o momento, três vão ser ponto de partida das ações do banco de sementes: Conceição das Crioulas, em Salgueiro; Castainho, em Garanhuns; Riacho dos Porcos, em Sertânia (quilombolas); comunidade indígena Pankararu, em Petrolândia; e a aldeia Fulni-ô, da cidade de Águas Belas.
Além de sementes e plantas medicinais, a meta é colaborar para a conservação e multiplicação de práticas tradicionais de manejo agrícola sustentável, sem uso de agrotóxicos (comumente utilizadas por estes povos), adiantou a gestora da Semas, Bernadete Lopes, que é ex-diretora da Fundação Palmares e hoje coordena o trabalho de levantamento e relacionamento com as comunidades.
Vale lembrar que a preservação de todo este saber sagrado é, acima de tudo, uma necessidade da humanidade, e não só de Pernambuco, frisou o secretário Sérgio Xavier, que também anunciou a proposta de criação de uma lei estadual para proteção e acesso aos conhecimentos tradicionais e repartição de benefícios, na última reunião do Consema, realizada no dia 26 de outubro, em
Petrolândia, na Mesorregião do São Francisco.
Já é prática comum entre comunidades quilombolas e indígenas, bem como os agricultores familiares, conservar e multiplicar variedades de sementes crioulas, entre elas o milho, feijão, arroz silvestre, fava e cucurbitáceas (família das abóboras). Longe de passarem por melhoramento genético, essas sementes resultam de um trabalho de seleção natural feito pelos chamados guardiões de sementes, que observam as características das plantas por vários anos.
Algumas, por suas características ecológicas e nutricionais, podem contribuir muito para a autonomia, a segurança alimentar e o aumento de renda quando disponibilizadas aos agricultores familiares. Daí porque o Governo Federal desenvolve o programa Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes, que busca incrementar e conservar os recursos genéticos da agrobiodiversidade e, consequentemente, colaborar com a atuação dos guardiões. Esses Bancos vivos vêm sendo mantidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com vários parceiros nacionais e estaduais.
Da Redação do Blog de Assis Ramalho
Diário Oficial de Pernambuco - Poder Executivo - Edição 01/12/12