Em primeiro lugar quero agradecer ao meu ilustre e querido primo Djalma Felix de Carvalho, pela atenção que me dispensou, fornecendo detalhadamente todos os dados que me permitiram elaborar a presente matéria à qual dedico todo o meu carinho e especial atenção. Mais uma vez volto a falar de pessoas ilustres da nossa terra natal e desta feita o personagem em foco é o nosso querido e inesquecível Conrado Alves de Carvalho, que desde cedo manifestou a sua preferência de ser chamado CONRADO FELIX, homenageando e elevando bem alto o sobrenome do seu pai Pedro Felix e do seu tio Tibúrcio Felix, de quem era grande admirador e amigo admirado.
Filho do Sr. Pedro Felix de Carvalho e D. Maria Emília de Carvalho, CONRADO FELIX nasceu no lugarejo chamado Gato, que pertence ao Distrito de Caraibeiras, no dia 07 de dezembro de 1923 e desde cedo tornou-se um autêntico Homem do Campo, afeito a todas as atividades que lhe eram peculiares. Foi um exímio vaqueiro, sob todos os aspectos, dotado de profunda destreza no domínio de um bom cavalo e da técnica indispensável para varar a caatinga eivada de faveleiras, quixabeiras, mandacarus, facheiros, xique-xiques, macambiras e tudo quanto se possa imaginar de cactus, protegido pela indumentária típica e apropriada para essa atividade - perneiras, guarda-peito, luvas, gibão e o indispensável chapéu de couro. Cada vez que eu imagino um vaqueiro o modelo que tenho gravado em minha memória é a desse intrépido "Gladiador das Caatingas" chamado CONRADO FELIX, na sua fase áurea de vaqueiro.
Após falar da sua imagem, desse homem valente e destemido, quero abordar um pouco do outro lado da sua vida quando, em plena juventude, vamos encontrar um grande seresteiro, romântico e galante, empunhando o seu inseparável violão, tocando e cantando nas rodas de amigos e em reuniões familiares, onde o seu talento falava mais alto. Era aí que a sua fama cada vez mais se destacava diante da virtuosidade com que dedilhava seu violão, quando se acompanhava nas canções românticas do seu rico repertório ou de quem se habilitasse a cantar. Nessa época quem também costumava cantar e tocar, igualmente muito bem, era a sua irmã Donana que foi grande parceira nesses costumeiros eventos, fatos esses que vim a ter conhecimento anos depois pelos comentários que eram feitos. Eu era bem mais jovem e não tinha, ainda, nenhuma prática de tocar violão ou cantar o que só veio acontecer alguns anos depois e aprendi muito com o Mestre Conrado, participando com ele em muitas serenatas em nossa cidade, onde essa tradição foi mantida por muitos anos. De uma coisa nunca pude esquecer: era a modéstia de que o meu Querido Primo era portador. Ainda me lembro de uma frase que ele costumava dizer, quando era convidado a acompanhar ou tocar com alguém: "Eu só sei acompanhar Beijinho Doce". Muita modéstia dele!
CONRADO FELIX, muito elegante na sua cor morena de nascença e bronzeada pelo sol regional, herdou do seu "Pai Pedro" a voz firme, sonora e compassada; e da sua Mãe (Mãe do Gato) - D. Maria Emília de Carvalho, herdou a sua cor original, os cabelos pretos e lisos e o seu temperamento característico. Os lugares onde viveu mais tempo foi em Caraibeiras, Tacaratu, Belém do São Francisco e Petrolândia. O seu filho Djalma afirma - "Seu Conrado deixou seu nome marcado tão indelével que ate hoje, mais de quinze anos após o seu passamento, ainda se ouve falar das suas proezas. Basta dizer que em 2009 e 2010 ele foi homenageado, respectivamente, pela prefeitura de Tacaratu e pela de Petrolândia, em suas tradicionais missas do vaqueiro". E ainda segundo o mesmo Djalma - "Honesto, altivo, poeta, vaqueiro e valente são as palavras que vêm logo à mente de quem conheceu o Mestre Conrado. Mas é a figura do violão, de quem nunca se separava, que esta diretamente atrelada a sua imagem. Tanto que em 30/11/1996 ele foi lembrado em homenagem póstuma pelos representantes do Banco do Brasil em Petrolândia com uma placa onde está gravado: 'O homem é lembrado pelo que fez na vida. Conrado Alves de Carvalho será sempre lembrado por sua música, que marcou a sua vida e a sua história'".
Ainda segundo seu filho Djalma "Conrado teve uma prole de quatorze filhos, não apenas de seus dois casamentos, com Maria das Dores e com Maria Firmino. Netos e bisnetos já passam de sessenta, o que se pode confirmar todo ano na grande e animada festa de 'Encontro da Família Conrado'. Isso mesmo: o nome Conrado ganhou tanta força que acabou virando nome de família, o que reforçará, ainda mais, a sua imortalidade. São seus filhos: Ivone, Socorro, Jose Conrado, Leonor, Jose Aniceto, Anchieta Dali, Jose Ramalho, Pedro Carvalho, Maria Emília, Geraldo, Iara, Sandra, Djalma Felix e Carina.
Seu falecimento deu-se na madrugada de 15 de setembro de 1996, numa clínica particular na cidade de Floresta. A causa de sua morte foi um derrame cerebral (AVC), ocorrido quatro dias antes (11 de setembro), quando almoçava em sua residência em Petrolândia.
Quero agradecer a essa família da qual tenho a graça e a honra de carregar o sobrenome CARVALHO, pela confiança que me foi depositada, para escrever sobre seu honrado e estimado pai, CONRADO FELIX. Peço desculpas por algum detalhe não comentado porque nunca se consegue dizer tudo, quando se fala de uma pessoa mas o que manda é o que dita o coração, no presente caso, sobrecarregado de muito carinho, respeito e admiração.
O nosso biografado deixou registrado, certa vez:
"Eu sou o Conrado Veio
Conhecido no sertão
Já enfrentei a agricultura
O comércio e o gibão
E a herança de meus filhos
Vai ser o meu violão."
Da redação do Blog de Assis Ramalho
Fonte: Tacaratu.com
Escrito por Gê Carvalho