Casal de pastores morreu com Covid-19 — Foto: Kristiane Paranhos/Arquivo pessoal
Vítima da Covid-19, um casal de pastores morreu com apenas um dia de diferença neste final de semana no Espírito Santo.
Wilber Vieira Barbosa, de 62 anos, e Ana Lúcia, de 57, estavam internados no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, na Grande Vitória, quando o quadro de saúde deles piorou e evoluiu para óbito.
O casal estava junto há 40 anos. Wilber e Ana Lúcia fazem parte das mais de 1.600 mortes já confirmadas por Covid-19 no Espírito Santo. Eles deixaram três filhas, uma delas grávida, e oito netos.
Uma das filhas, Kristiane de Jesus Barbosa Paranhos, contou que o casal começou a sentir os primeiros sintomas no dia 6 de junho.
Como ela já tinha pegado Covid-19, decidiu levar os pais para uma consulta no Pronto Atendimento de Coqueiral de Itaparica. Lá, os dois testaram positivo para o novo coronavírus.
“Quando peguei Covid-19, me isolei no período e não tive contato nenhum com meus pais por causa das comorbidades deles. Meu pai tinha pressão alta e obesidade e já tinha uma massa no pulmão. A minha mãe tinha pressão alta e diabetes”, contou Kristiane.
Depois do resultado do teste, o casal ficou seis dias em isolamento dentro de casa. Neste período, os sintomas pioraram e a filha levou os pais para o Pronto Atendimento de Cobilândia.
No dia seguinte à internação, Ana Lúcia e Wilber foram transferidos para o Hospital Estadual Jayme Santos Neves em estado grave.
“No dia 12, eu fui trabalhar de manhã e recebi uma mensagem da minha mãe pedindo para ir para casa porque ela ia morrer. Chegando em casa, eu já peguei os dois e levei para o hospital. Antes de ir, ele conseguiu se sentar e disse 'vamos agradecer'. Hoje eu tenho convicção de que naquele momento ele estava agradecendo porque ele sabia que não iria voltar”, relatou a filha.
Esta foi a última vez que ela teve contato com os pais. Depois disso, em uma visita ao hospital para saber o estado de saúde do casal, Kristiane esteve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e pode vê-los pelo vidro.
“É o pior quadro que eu poderia imaginar. Os dois estavam muito debilitados”. A morte do pai foi confirmada no último sábado (27) e da mãe no domingo (28).
Para a filha que tinha contato diário com os pais, a perda dos dois é dolorosa. Por isso, ela pede para que a população siga as recomendações para evitar o contágio.
“Nossa família sempre foi unida. Foi muito difícil, porque a gente tinha esperança. Meu coração está dilacerado. Eu nunca imaginei ficar sem os dois. Eles eram tudo para nós. A dor de perder o pai e a mãe ao mesmo tempo é algo surreal, parece que está rasgando meu corpo. O vírus é real. A UTI do hospital está lotada de paciente, o necrotério está cheio, os contêineres com corpos estão lotados. Nós precisamos ter a empatia de cuidar um do outro neste momento”, declarou.
Sem poder se despedir, família e amigos fizeram uma carreata em homenagem ao casal.