A água utilizada no banho, na lavagem de louça e roupa, antes desperdiçada, será tratada e usada em canteiros de hortaliças, em vez de contaminar o solo e prejudicar os animais domésticos.
Famílias da zona rural do Ceará receberão um projeto inovador para aproveitar ao máximo o potencial da água em épocas de seca. Serão implantados em 17 municípios Projetos-Pilotos de Reúso de Água Cinza, com o objetivo de tratar a água utilizada no banho, na lavagem de louça e roupa, para servir à produção de alimentos. O governo do estado enviou à Assembleia Legislativa mensagens que autorizam a liberação dos recursos para a ação, e devem ser votadas nesta semana.
A ação faz parte do projeto São José III, responsável pela implantação de sistemas de abastecimento de água em comunidades da zona rural. As ações terão investimento total de R$ 1,8 milhão e devem beneficiar 85 famílias – cinco em cada município. O agricultor Francisco Antônio Rodrigues, presidente da Associação dos Agricultores do Riacho Verde – distrito de Quixadá, a 169 quilômetros de Fortaleza –, diz que a água, antes desperdiçada, será usada em canteiros de hortaliças, em vez de contaminar o solo e prejudicar os animais domésticos. Segundo ele, "com o reúso da água, isso não vai mais acontecer”.
As famílias do distrito já tiveram contato com a técnica de reúso da água ao visitar duas experiências: em Apodi, no Rio Grande do Norte, e em Iguatu, na região centro-sul do Ceará. Ambas encampadas pelo Projeto Dom Hélder Câmara e pela Universidade Federal do Semiárido, em parceria com outras entidades. Na cidade cearense, fica a unidade demonstrativa do projeto-piloto que, a custos módicos, reaproveita a água dos lavatórios e dos chuveiros. "Há todo um arranjo para a purificação biológica da água e, depois disso, ela passa por análises que verificam se serve para irrigação. O mais bonito disso é reaproveitar o nosso bem mais precioso, visto que enfrentamos uma crise hídrica séria”, explica o coordenador do projeto São José III, Ilo Cavalcante.