Canal Eixo Leste (Foto: Assis Ramalho)
Consideradas grandes vitrines do governo federal no Nordeste, as obras de transposição do Rio São Francisco e da Transnordestina caminham a passos lentos nas proximidades de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco. Desde que o escândalo do petrolão estourou, devido às investigações da Operação Lava Jato, o número de funcionários nas duas obras diminuiu, atrasando ainda mais as intervenções previstas para 2016 (transposição) e 2017 (Transnordestina). A constatação foi feita pela reportagem do JC, que visitou os locais das duas construções.
Em um dos trechos das transposição, por exemplo, onde ainda ocorre a etapa de concretagem dos canais, trabalham pouco mais de cem operários. O número vem aumentando aos poucos, segundo funcionários. “A obra não chegou a parar completamente, mas diminuiu bastante o número de gente trabalhando aqui. Foi mais ou menos depois que a Lava Jato estourou de vez, de novembro para cá. Chegou até a parar uma das etapas do cimento para os canais”, disse um dos operários que pediu para não se identificar. A Mendes Júnior é a empresa responsável por tocar a transposição. A construtora está envolvida nas investigações no esquema de corrupção na Petrobras e teria iniciado uma série de demissões em Salgueiro e proximidades depois que as irregularidade vieram à tona.
Outro problema que surgiu depois das investigações da Polícia Federal foi o atraso de salários dos funcionários terceirizados. Segundo informações dos trabalhadores, alguns setores, como vigilância e transporte, estão com até cinco meses de atraso. Tudo por conta da falta de repasse da Mendes Júnior para as empresas que prestam serviços na obra. “Teve mês que só tinha ovo para almoçar por aqui”, reclama um dos operários de segurança.