"Não se trata aqui de conjecturar o desaparecimento, em curto prazo, do magistério. Seus profissionais continuarão a ocupar o papel a que têm sido relegados:
baby-sitters sempre em prontidão, no caso da escola privada; bedéis ora sonolentos, ora esgotados, no da pública. Em ambos os cenários, os professores veem-se confinados à condição de meros gestores das idiossincrasias infantojuvenis, sob o manto da observância do direito universal da opinião e da expressão alheias", escreve Julio Groppa Aquino, professor titular da Faculdade de Educação da USP, em artigo publicado no jornal
O Estado de S. Paulo, 10-05-2015.
Eis o artigo.
A Caça, produção dinamarquesa que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014, é uma daquelas obras que ultrapassam a qualificação de artísticas, uma vez que oferece uma mirada acurada sobre os conflitos intergeracionais cada vez mais agudos, testemunhados no presente, em que vemos a balança pender vertiginosamente para o lado da infância/juventude. Por isso, o filme é também um pequeno tratado sobre as sendas judicializantes em que as sociedades democráticas vêm se embrenhando, a título de garantia dos direitos das ditas minorias; no caso, as crianças. Vale lembrar que o filme não visa a problematizar tais direitos, hoje canônicos, mas dimensionar os contraefeitos que sua defesa
in totum têm causado nos modos de convivência concretos entre os mais novos e aqueles a quem foi delegada a tarefa de protegê-los, inclusive de si próprios.