Por Fernando Batista
Terminadas as festas, desfeitos os enfeites, é hora da faxina. Andamos precisando fazer uma faxina. Jogar alguns pensamentos indesejados fora, tirar do fundo das gavetas lembranças que não usamos e não queremos mais. Jogar fora alguns sonhos, algumas ilusões, papéis de presente que nunca usamos. Olhei para meus sorrisos futuros e minhas alegrias pretendidas e as coloquei num cantinho, bem arrumadinhas, com bastante cuidado. Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: desejos reprimidos, palavras que nunca queria ter dito, mágoas, lembranças de um dia triste.
Mas lá também havia coisas e boas. Aquele pôr do sol, aquela música. Fui me encantando e me distraindo, olhando para cada uma daquelas lembranças. Aí, sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas. Peguei palavras cheias de mágoas que estavam na prateleira de cima, e também joguei fora, no mesmo instante. Outras coisas que ainda me ferem, coloquei num canto para depois ver o que farei com elas, talvez as mande para o lixão. Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante: o Amor, a Alegria, os Sorrisos e a Fé. Arrumei com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar e de recomeçar. Casa limpa, é hora de restabelecer morada. Muitas vezes temos que nos abandonar devido a quantidade de lixo que acumulamos em nós mesmos, seja aquele deixado por nós, seja aquele deixado por outros. Reciclar sentimentos nem sempre é possível. O coração jamais será biodegradável. A sustentabilidade de suas emoções depende exclusivamente de você.