Descentralizar a geração de energia elétrica, de forma a favorecer a instalação de pequenas unidades geradoras, em vez de poucas com grande capacidade de geração, definir uma política de transição da matriz energética atual em direção a um modelo com mais espaço para as fontes renováveis, democratizar os espaços onde a política energética do país é formulada e atualizar o projeto da Usina Nuclear Angra 3 estão entre as propostas a serem discutidas de hoje (7) a domingo (10), em Brasília, durante o Fórum Social Temático sobre Energia.
Intitulado Energia: Para Que, Para Quem e Como?, o fórum pretende discutir a política energética brasileira e propor mudanças que garantam uma matriz que leve em conta os direitos humanos e a justiça social. Entre as críticas a serem apresentadas, está a de que a política energética brasileira tem sido definida pelas empresas do setor, sem participação real da sociedade civil organizada.
De acordo com o membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), Chico Whitaker, um dos organizadores do fórum, “essa lógica [desenvolvimentista] do crescimento ilimitado em um mundo limitado tem de ser revista”. Para ele, “a atual crise de energia já é, na verdade, uma crise das águas”.
Segundo os organizadores do fórum, a geração de energia em larga escala – que favorece fontes hidrelétricas, termelétricas, nucleares e de combustíveis fósseis – é interesse apenas das empresas de grande porte que tiram, desse tipo de geração de energia, enorme fatia de lucro. Além disso, argumenta a diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Moema Miranda, uma “parte imensa” da energia brasileira é gerada apenas para beneficiar as indústrias extrativistas. “Em especial, as ligadas a atividades de mineração e do agronegócio”.