terça-feira, abril 15, 2025

Homem atropela militantes do MST durante marcha pela reforma agrária no Recife; um deles está em estado grave

 

A Marcha, parte das mobilizações do Abril Vermelho, tem como destino o palácio do governo – Foto Anderson Stevens

Um homem em um carro atropelou manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Recife (PE), na manhã desta terça-feira (15). Dois militantes foram atingidos pelo carro. Um deles, um idoso de cerca de 70 anos, Gideone Sinfrônio de Menezes Filho, se feriu gravemente e está em coma. De acordo com os sem-terra, as duas rodas passaram por cima do seu abdômen. Desacordado e com uma fratura exposta, ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Abdias de Carvalho.

Morador do acampamento Barreirinhas, da cidade de Goiana (PE), Gideone será transferido para o Hospital da Restauração, a principal emergência da cidade.

Descrito por militantes do MST como um homem barbudo e careca, o motorista não prestou socorro e fugiu pela contramão. Fotos registraram a placa do seu carro.

“Foi um ato de intolerância, sendo que a marcha está com apoio da Polícia Militar, da Companhia de Trânsito do Recife. Foi literalmente uma tentativa de homicídio. Estamos rezando para que nosso companheiro sobreviva”, afirma Paulo Mansan, da direção nacional do MST em Pernambuco. “Foi horrível. Algo impressionante e que causa profunda indignação”, diz.


'Foi literalmente uma tentativa de homicídio', disse dirigente nacional do MST em Pernambuco - Reprodução/Anderson Stevens

O outro sem-terra atropelado, Samuel Scarponi, é dirigente estadual do movimento e teve ferimentos no braço. “Estamos seguindo nosso combinado de andar só nas faixas que foram acordadas”, ressalta indignado, ainda sujo de sangue, em relato na rede social da integrante do MST e deputada estadual (PT-PE) Rosa Amorim.

“O cara tentou jogar por cima da marcha, a gente tentou segurar ele para que não tivesse acidente maior e ele jogou para cima de mim e do outro companheiro. Viu o outro companheiro, acelerou e passou por cima. Foi uma cena muito difícil de ver. O companheiro saiu com a barriga aberta, com fratura no crânio, sangrando. E o cara jogou na outra pista e saiu desembestado”, narra Scarponi.

Abril Vermelho

O protesto integra a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária, mobilização nacional do MST mais conhecida como Abril Vermelho. Depois de concentrar na praça da Chesf, na entrada do Recife, a marcha passa pela sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e se dirige até o palácio do governo. A pauta principal é o assentamento de 16 mil famílias que atualmente vivem acampadas no estado pernambucano.

Ainda na concentração, de acordo com Amorim, os manifestantes foram impedidos de entrar em um mercado para comprar comida. Apesar de abrir às 7h, a rede Novo Atacarejo Guabiraba se recusou a vender para os camponeses e só abriu as portas depois que o ato começou a caminhar. Pouco depois, aconteceu o atropelamento.

A reportagem pediu um posicionamento para o Novo Atacarejo e também para a Secretaria de Segurança Pública do governo de Raquel Lyra (PSD). Assim que houver retorno, o texto será atualizado.

“Nitidamente vivemos uma situação de violência política contra o MST”, classifica Rosa Amorim. O ataque acontece dois dias antes de se completarem 29 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, marco que faz deste mês o de principal mobilização dos sem-terra pela reforma agrária e contra a violência aos que a defendem.

Em atualização.

Editado por: Nathallia Fonseca - Brasil de Fato

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