Imagem: Reprodução
O que aconteceu
O comportamento arredio foi oposto ao adotado no começo da manhã. Militar acostumado a madrugar, Bolsonaro chegou cedo e sereno na sede do PL, em Brasília.
* O ex-ministro Gilson Machado ou "sanfoneiro do Bolsonaro";
* Senadora Damares Alves;
Damares resolveu pedir intervenção divina. Abraçou Bolsonaro e orou. O ex-presidente se emocionou com a senadora rogando ajuda de Deus no julgamento.
Bolsonaro 'conversou com a TV'
Bolsonaro sentou-se na ponta do sofá de couro do gabinete de Flávio. O lugar fica imediatamente abaixo de um grande quadro que mostra o filho sorrindo com a bandeira do Brasil ao fundo e o Cristo Redentor ao lado.
Posicionado bem na frente da TV, o ex-presidente prestou atenção na primeira pessoa a falar: Alexandre de Moraes. Ele parecia tranquilo na maior parte do tempo, de acordo com relatos feitos ao UOL.
Posicionado bem na frente da TV, o ex-presidente prestou atenção na primeira pessoa a falar: Alexandre de Moraes. Ele parecia tranquilo na maior parte do tempo, de acordo com relatos feitos ao UOL.
* O descontentamento virou contrariedade com um vídeo do quebra-quebra de 8 de Janeiro. O ex-presidente disse que Moraes mostrou cenas de destruição, mas escondeu a parte da live de 30 de dezembro, quando ele falou que a luta não acabava e a direita voltaria ao poder.
* Prestes a ser enquadrado pela Justiça, Bolsonaro saiu de frente da TV por causa de um assunto secundário. Recebeu o vereador de Salvador Cezar Leite (PL), autor de um projeto que multa em três salários mínimos quem se fantasiar de Cristo, freira ou outros temas religiosos no carnaval da cidade.
Na hora que a comida chegou, Bolsonaro já era réu. A espera foi tamanha que o julgamento acabara, o advogado do ex-presidente já havia concedido entrevista na saída do STF e chegara ao gabinete de Flávio para conversar com o cliente.
Bolsonaro desceu falar com a imprensa com o mau humor de quem sente fome. Encontrou um ambiente familiar à época em que foi presidente do Brasil. Um espaço cercado com jornalistas espremidos.
* A condição de réu havia trazido o mito à tona. Ele repetiu informações distorcidas sobre urnas eletrônicas, investigações da Polícia Federal, atacou o Judiciário, o "sistema" e a esquerda.
* Logo, Bolsonaro perderia a linha de raciocínio. Ele havia guardado a cola que preparou. Foi a hora de Flávio entrar em cena e assoprar argumentos no ouvido do pai, que falou por 50 minutos.
Música de 2022 fecha o dia
* No final da tarde, Bolsonaro entregou o que havia prometido: uma coletiva. Nada fora marcado e ele resolveu falar na saída do Senado e sem convocar a imprensa.
* Bolsonaro reafirmou sua candidatura a presidente. Ele não conseguiu explicar como vai recuperar os direitos políticos, mas se recusou a apontar um destinatário para seu capital político.
* O ex-presidente repetiu as críticas ao STF e à esquerda. Nenhuma pergunta era evitada, mas respostas eram evasivas e a paciência estava dando sinais de falha.
* De repente, a marcha fúnebre de Chopin foi ouvida. Bolsonaro foi espirituoso, riu de forma espontânea e ficou em silêncio escutando.
*
A imprensa emendou perguntas e ficou no vácuo. O ex-presidente parecia hipnotizado pelo som do trompete e ironizou os jornalistas: "Cuidado, pode ser um sinal".
* A marcha fúnebre era tocada por um homem de boné vermelho. Fabiano Leitão, 45 anos, é assessor do PT e estava na calçada do estacionamento do Senado —Bolsonaro falava da entrada do prédio.
* O ex-presidente riu outra vez quando Fabiano tocou uma música que viralizou na campanha de 2022. "Tá na hora do Jair já ir embora. Arruma suas malas. Dá no pé e vá-se embora." Bolsonaro teve paciência para ouvir a pergunta derradeira da imprensa. Descontente com o questionamento, encerrou a coletiva e foi para o carro.
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