O Reisado é uma manifestação cultural de origem cristã portuguesa. Está ligada às celebrações natalinas, como as “janeiras” e “reis”. Destaca-se especialmente no Nordeste brasileiro, onde sofreu influência indígena e africana. O folguedo ocorre entre 24 de dezembro e 6 de janeiro. Combina teatro, música e dança. As apresentações têm figurinos de cores vibrantes em cetim, enriquecidos com espelhos, lantejoulas e chapéus ornamentados.
Tradição do Alto da Raposa
Bairro pobre da periferia de Petrolândia, o Alto da Raposa era geralmente o destino dos migrantes que chegavam de outras regiões em busca de alguma oportunidade de sobrevivência.
Liderado pelo alagoano Cícero Grande, o Reisado do Alto da Raposa, seguia a tradição. Unia folguedo e religiosidade. No dia de Reis, a saída começava com um momento especial. Cícero Grande, como comandante do Reisado, puxava a reza. Em seguida, murmurava frases inaudíveis que pareciam invocar a força dos encantados.
Em seguida o cortejo partia do Alto da Raposa para a Igreja Matriz, onde adoravam o Divino no altar, depois seguia pelas ruas cantando versos, que falava de amor, guerra e folguedo, conforme canta Seu Zezito:
Entre as visitas, o Reisado fazia parada certa em algumas residências de destaque, como as dos comerciantes Amaro da Silva (ex-prefeito), Vicente Balbino, Da Cruz e Panta. Em todas elas, havia sempre uma mesa farta aguardando os brincantes, que, agradecidos, além das apresentações habituais, improvisavam versos para agradar os anfritiões. Um exemplo era:
“Seu Da Cruz é prata fina,
D. Lídia é ouro em pó
E uma filha que eles têm É o
jardim de Maceió.“
Aos que se negavam a recebê-los cantavam pilhérias do tipo:
“Ô seu Emídio já passei na sua porta,
Lá vi uma marmota me esqueci de lhe dizer
Uma cachorra “veia”, magra, rabugenta
Só tinha o pau da venta, parecia com você.“
O Reisado simboliza a celebração da cultura popular, oferecendo protagonismo e glória à comunidade periférica em um momento de expressão coletiva.
Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia-IGHP,
Fonte: RUBENS, Paula, Festa, Fé e Arte, Ed. Clube dos Autores, 2022.
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