Ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, que cumpre pena atualmente na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul — Foto: ReproduçãoApontado como executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa é avaliado como um detento de “boa conduta carcerária” na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso. Em relatórios aos quais O GLOBO teve acesso, são descritas suas rotinas no presídio, como a utilização de medicamentos, a visita virtual de familiares, além da participação de projetos para remição de pena, como leitura de livros e realização de cursos.
Os documentos são do Sistema Penitenciário Federal (SPF), vinculado ao Ministério da Justiça. Eles mostram que Lessa foi diagnosticado com hipertensão arterial e passou a fazer uso contínuo de medicamentos no tratamento. Ele também relatou ingerir pelo menos três remédios controlados e considerados psicotrópicos, por possuírem substâncias químicas que agem principalmente no sistema nervoso central.
Na prescrição, constam medicamentos recomendados para o tratamento de casos de depressão, transtornos do pânico e de ansiedade.
Como O GLOBO mostrou, Ronnie Lessa negocia um acordo de delação premiada com a Polícia Federal sobre o homicídio de Marielle e Anderson. Os termos só pode ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que indica que a pessoa que mandou executar Marielle teria cargo público.
Ao dar entrada na Penitenciária Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 28 de março de 2019, Lessa informou possuir o Ensino Médio Completo. Ao ser transferido para Catanduvas, no Paraná, ele chegou a se matricular no Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (ENEM/PPL) de 2020. No entanto, levado para Campo Grande, no Mato Grosso, acabou não conseguindo realizar a mudança do local de prova.
Atualmente, o ex-PM participa de cursos de formação inicial e continuada na modalidade à distância e aguarda a chegada de material comprado por familiares para dar início às suas atividades de estudo. Recentemente, ele fez 360 horas de aulas para mecânico e 140 para auxiliar administrativo, o que permitiu descontar 26 e 11 dias de sua pena, respectivamente. Também com esse fim, se habilitou a elaborar resenhas de livros.
Ao longo de 2023, Lessa não apresentou “demandas” ao setor de Psicologia da unidade prisional. Em 28 de dezembro do ano anterior, compareceu ao atendimento “lúcido, orientado, discurso e pensamentos organizado” e relatou estar preso há quatro anos.